A descoberta de maquininhas de pagamento em casas de apostas clandestinas, em Santos, levou investigadores a identificar o BK Bank como um dos pilares da organização criminosa desmantelada pela Operação Carbono Oculto. Segundo o Ministério Público, a instituição, que nasceu em 2012 como microempresa em Ribeirão Preto e se tornou fintech em 2022, movimentou cifras bilionárias sob suspeita de lavagem de dinheiro.
De acordo com o Coaf, somente entre 2022 e 2024 a fintech registrou R$ 17,75 bilhões em operações suspeitas, dos quais R$ 2,22 bilhões vieram da distribuidora de combustíveis Aster, seu principal cliente. Já a Receita Federal apontou que, entre 2020 e 2024, o BK movimentou R$ 46 bilhões, aproveitando brechas regulatórias que dificultavam o rastreamento individualizado de clientes.
As autoridades identificaram que o banco operava por meio de “contas bolsão”, que mesclavam recursos de diferentes origens, dificultando a identificação dos depositantes. Apenas entre 2022 e 2023 foram registrados R$ 61 milhões em depósitos em espécie — prática considerada incompatível com o perfil de uma instituição de pagamento. A investigação também relaciona o BK Bank a núcleos criminosos ligados a fraudes em combustíveis, jogos de azar e até ao PCC.
O BK Bank atua como operador do tíquete-alimentação da Prefeitura de Uberaba. Desde 2022, servidores municipais recebem o benefício por meio do cartão com a bandeira da fintech. No entanto, a insatisfação em relação ao serviço foi tamanha que, neste ano de 2025, o vereador Almir Silva apresentou requerimento pedindo à prefeita Elisa Araújo a substituição da empresa.
Entre as reclamações estão a recusa do cartão em padarias, supermercados e restaurantes, o que limitava o uso do benefício. A Prefeitura de Uberaba abriu licitação para contratar uma nova operadora, e a expectativa é de que a substituição definitiva ocorra nas próximas semanas. A última recarga feita pelo município no cartão do BK Bank foi neste mês de agosto.