BARBARIDADE

Mulher assassinada por homem que se matou registrou queixa em 2013

As brigas do casal se arrastam há anos, sendo que o primeiro registro sobre separação se deu em 2011 e, em 2013, ela relatou agressões e ameaças

Carlos Paiva
Publicado em 29/08/2023 às 18:39
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O casal foi encontrado morto no quarto da própria residência pelos filhos dele, que disseram que o pai não aceitava a separação, desejada pela mulher (Foto/Divulgação)

Empresária, que também já foi cantora, Helenice Moreira Toledo, 39 anos, assassinada pelo companheiro, o também empresário João Nelson Luiz, 51 anos, que cometeu suicídio logo em seguida, já havia registrado queixa na Polícia Militar, relatando agressões e ameaças de morte. Ela chegou a sair de casa, mas não procurou a Delegacia Especial da Mulher para pedir medidas protetivas.

Segundo apurou o Jornal da Manhã, em 18 de outubro de 2011, o casal João Nelson Luiz e Helenice Moreira Toledo compareceu na Polícia Civil e relatou que iria separar-se devido às constantes brigas.

Já em 18 de janeiro de 2013, a empresária registrou queixa contra o companheiro, afirmando que, “por motivos de ciúmes, seu companheiro passou a agredi-la verbalmente, com palavras de baixo calão, e fisicamente, com socos e pontapés, causando-lhe hematoma no olho esquerdo”.

Ela disse ainda que, “está recebendo ameaças de morte por parte do autor [o empresário João Nelson Luiz] e que, temendo pela sua segurança, saiu de sua residência e passou a viver com sua genitora”.

O assassinato da mulher, seguido de suicídio do autor, aconteceu na manhã de segunda-feira (28), mas os corpos só foram encontrados no final da tarde do mesmo dia, no apartamento localizado no segundo andar da empresa do casal, a Vidraçaria Três Irmãos, na avenida Djalma Castro Alves, Jardim Belo Horizonte. Ela apresentava uma perfuração no tórax e duas na face e ele estava com sangramento em um dos ouvidos.

De acordo com informações, na manhã de segunda-feira (28), o empresário levou a filha de 4 anos para a escola e retornou para o apartamento da família. Ele não abriu a vidraçaria, onde mora com a companheira e a filha de 4 anos no segundo andar, palco da tragédia. Funcionários acharam estranho e ligaram para os telefones do casal, mas ninguém atendeu, provavelmente já estavam mortos.

A filha do empresário, de 31 anos, disse que durante todo o dia tentou contato telefônico e por WhatsApp com o pai, porém não obteve êxito, relatou ainda que, preocupada, ligou para seu irmão, de 23 anos, que providenciou as chaves e foi para a vidraçaria se encontrar com a irmã.

De acordo com o que foi apurado, os irmãos se encontraram na porta da vidraçaria e subiram até o apartamento do casal. Lá, eles se depararam com o casal João Nelson Luiz e Helenice Moreira Toledo, caídos no quarto e já sem vida. Ao lado do empresário estava um revólver caído ao solo.

Os dois acionaram a Polícia Militar, através do 190. Várias guarnições do 4ºBPM foram designadas para atendimento. O local foi isolado. O Samu foi acionado e o médico confirmou a morte do casal.

Para se defender, empresária tentou se trancar no quarto da residência
A porta do quarto onde se encontravam os corpos estava quebrada, dando a entender que a mulher teria tentado se trancar para escapar, porém, aparentemente, o homem teria estourado a porta. Ao lado do corpo da mulher havia um banco de madeira, indicando que provavelmente ela ainda teria tentado se defender.

No mesmo quarto havia cinco malas cheias com roupas masculinas, provavelmente do empresário João Nelson Luiz. Algumas gavetas estavam todas vazias, o que sugere que provavelmente o casal estava se separando, e os pertences pessoais dele estavam nas malas.

De acordo com o filho do empresário, no dia anterior, seu pai esteve em sua casa e relatou ter tido uma briga com sua companheira. Ela queria se separar e ele não aceitava.

Também disse que o pai e a madrasta estavam juntos há cerca de 16 anos e que já há algum tempo ela queria a separação, porém ele não aceitava. Contou ainda que os dois brigavam muito.

Perito criminal da Polícia Civil compareceu no local e colheu evidências para confecção de laudo pericial a ser juntado no inquérito policial que tramita no DHPP da 1ªDRPC/5ºDPC, em Uberaba. Em uma análise inicial, o perito criminal acredita em crime passional, ou seja, que João Nelson Luiz provavelmente tirou a vida de sua companheira Helenice Moreira Toledo e, posteriormente, matou-se.

A arma de fogo localizada no quarto do casal foi recolhida, juntamente com quatro cartuchos deflagrados, cinco munições intactas, sendo que três delas estavam no bolso do empresário. Um projétil de arma de fogo foi encontrado deformado e localizado no chão do corredor. Os dois celulares do casal foram apreendidos. Os corpos foram encaminhados ao IML de Uberaba.

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