ARTICULISTAS

Política na Igreja

Dom Paulo Mendes Peixoto
Publicado em 01/07/2022 às 18:59Atualizado em 18/12/2022 às 21:50
Compartilhar

Sim e não. A Igreja, por si, é política, porque persegue a realização do bem comum. Não, no contexto partidarista, porque o partido é sempre limitado e prejudica a unidade. Ser partidário, para a Igreja, significa dividir os cristãos, porque todos os cidadãos têm plena liberdade para escolher a sua própria opção partidária. Isto é um sentimento inerente ao ser de cada um, exercendo sua cidadania.

Por outro lado, a Igreja tem a obrigação de formar bem os seus fiéis na responsabilidade política, no compromisso com um voto consciente e responsável. Não é missão da Igreja apoiar esse ou aquele candidato, esse ou aquele partido. Tem, sim, que orientar na escolha de bons candidatos, com qualidade ilibada, responsáveis e comprometidos com a justiça e o bem da população.

Não faz bem para os cristãos um Ministro da Igreja, seja bispo, padre ou diácono, ser candidato a cargos públicos. Existe até uma proibição para isto, mas incentiva os cristãos comprometidos, bem formados moral e eticamente, com capacidade política a se filiarem nos diversos partidos, podendo, desta forma, contribuírem com o bem da Nação, ou do Estado, ou do Município.

Muitas pessoas comentam que a Igreja Católica Apostólica Romana deveria ter engajamento partidário e que se formasse uma bancada católica no Legislativo para defender seus interesses. Muitos outros são contrários a isto, dizendo que a missão da Igreja é apenas espiritual. Promover determinado partido ou uma bancada católica pode prejudicar uma visão uniforme da realidade e dividir as pessoas.

O mundo da política tem desabonado o verdadeiro sentido da palavra, porque se tornou espaço privilegiado de corrupção, de corporativismo e negação do verdadeiro objetivo, que é a defesa da vida, do Estado e da dignidade das pessoas. Um candidato católico não representa a Igreja, mas precisa praticar os ensinamentos que vêm da Palavra de Deus, sendo honesto, justo e verdadeiro.

O momento político brasileiro tem sido muito preocupante, com possibilidade do uso da força e da violência sem precedentes. Estamos assistindo e convivendo com as polarizações ideológicas, agressões verbais desonestas, as fake news, que não ajudam na construção de um Estado brasileiro democrático e justo. Com isto, todos sofrem as consequências de uma política mal conduzida.

Dom Paulo Mendes Peixoto

Arcebispo de Uberaba

 

Assuntos Relacionados
Compartilhar

Nossos Apps

Redes Sociais

Razão Social

Rio Grande Artes Gráficas Ltda

CNPJ: 17.771.076/0001-83

JM Online© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por