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O esporte a motor, como todos os anos nessa época, vive de migalhas. Como está quase tudo parado, até a nanica Espanha é notícia

Reginaldo Baleia Leite
Publicado em 12/01/2011 às 22:14Atualizado em 20/12/2022 às 02:10
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O esporte a motor, como todos os anos nessa época, vive de migalhas. Como está quase tudo parado, até a nanica Espanha é notícia. Se um dirigente ou piloto de uma equipe melhor espirra ou diz qualquer asneira, também vira notícia. Por não ter um bom assunto para comentar, vou falar de um dos maiores crimes já cometidos no Brasil contra o esporte a motor. E tudo por picuinha, inveja, ou pior, arrogância e política juntos.

O vilão se chama César Maia, ex-prefeito da cidade maravilhosa. Este crápula conseguiu acabar com o melhor autódromo da América do Sul, apenas para alfinetar seus adversários políticos da época. Como pode destruir o que estava pronto, para construir as instalações do Pan e agora das Olimpíadas, sendo que existem várias áreas desocupadas bem perto do autódromo.

Recordações. Durante anos, quando jovem, eu e uma boa turma de Uberaba nos dirigíamos ao Rio de Janeiro para ver as etapas da F-1 no belo e majestoso circuito de Jacarepaguá, que depois ganhou o nome de Nelson Piquet, um carioca de nascimento e candango de vivência.

Privilégio. A pista era das mais desafiadoras e seletivas. E o melhor, o público tinha quase noventa por cento de visão da pista das arquibancadas. Coisa rara em qualquer autódromo do mundo. Havia locais onde podíamos ver e sentir um bólido de F-1 há pouquíssimos metros de distância.

Perto. Lembro-me perfeitamente do Farizinho, nos treinos, ficar plantado o tempo inteiro no local onde os carros entravam na grande reta das arquibancadas. Neste lugar ficávamos há uns oito metros dos carros e víamos e ouvíamos como cada um dos pilotos contornava a curva que dava aceso a essa grande reta.

Diferente. E aí, neste autódromo se sobressaia um tal de Senna, que o percorria bombando o acelerador, enquanto a maioria o contornava apenas completando  a curva na aceleração em que vinha da curva anterior e só depois de contorná-la é que aceleravam. Se não me engano, a curva era conhecida como curva Nonato, nome que a imprensa quase nunca divulgava.

Bobeira. Era uma época de grandes pilotagens e grandes feitos. Mas com o passar dos tempos e com uma política contrária, a cidade maravilhosa perdeu seu GP. No início era para termos um revezamento, um ano em SP e outro no Rio, Chegou-se a comentar na época até dois GPs brasileiros no calendário, coisa impossível na mente do ‘mala’ do ‘Verme’ Ecclestone.

Diversidade I. Depois que a cidade maravilhosa perdeu seu GP de F1, ainda continuei a frequentar o circuito nas provas do Mundial de Motos. Era uma época brilhante. Tínhamos um GP de Moto GP e com todas as categorias, 125, 250 e 500. Depois a 500 virou Moto GP. E pensar que o atual circuito de Interlagos para ter uma etapa de Moto GP tem que ser totalmente reformulado. Daí você pode tirar uma impressão de como o circuito de Jacarepaguá era eficiente e seguro.

Diversidade II. Eu não perdia nada nesse autódromo, foi lá também que acompanhei os carros da Fórmula Indy. É amigos, mesmo sem F1, a turma que construiu e deu visibilidade ao autódromo carioca, os inimigos de César Maia, conseguiram atrair para sua pista todas as categorias internacionais, que não fosse a F1. 

Conjunto. O ‘Verme’ tinha fechado com Interlagos porque o retorno era bem melhor para ele. O pessoal de São Paula não tinha divisões políticas. A ‘paulistada’ trabalhava em conjunto e está com o ‘Verme’ até hoje.  Parece que na política, os cariocas imitaram os uberabenses. A desunião política aqui sempre contribuiu para que nossa cidade perdesse tudo para os vizinhos, que trabalham em conjunto.

É muito triste pensar que condenaram o autódromo de forma irresponsável e interesseira. E o pior: ninguém foi ou vai ser punido por isso. Apenas o esporte a motor. Que também ficou ÓRFÃO de seu melhor traçado no Hemisfério Sul. 

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