ARTICULISTAS

Porta de escola nos tempos modernos

Tenho ouvido de colegas que atuam no magistério relatos de atos de violência

Vera Lúcia Dias
veludi@terra.com.br
Publicado em 05/01/2012 às 19:38Atualizado em 17/12/2022 às 07:41
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Tenho ouvido de colegas que atuam no magistério relatos de atos de violência que se não me tivessem sido contados por gente de confiança, eu não acreditaria, mas dia destes, infelizmente, pude comprovar o como anda a vida da moçada.

Fui a uma papelaria situada em frente à minha antiga escola para fazer um serviço e a balconista avisou-me que, quando desse o sinal, ela teria que parar porque o fluxo de alunos é grande naquele horário. Até aí tudo bem.

Eis que toca o bendito sinal e os adolescentes começam a sair. Sinto no ar um clima estranho, quando percebo que eles convergem para um mesmo local, como se tivessem vendo algo que eu não conseguia ver.

Não mais que de repente, inicia-se uma briga entre meninas. A torcida era enorme “estumando” como se faz com animais incentivando-os à briga. Saído não sei de onde, vejo um adulto que também não sei se tentando apaziguar ou se defendendo uma das partes e atacando a outra.

A cena era dantesca e eu, com medo de assistir a um crime de porta de escola, como estes que vemos na TV, vivi a impotência daqueles que os assistem ao vivo e a cores e não podem fazer nada.

Quando os ânimos se acalmaram, ou melhor, se deslocaram uns quinze metros acima – começa outra cena assustadora: A saída das vans escolares que, como bestas descontroladas, fingem ignorar o fato e a aglomeração e me dão a impressão de quererem passar sobre quem estivesse no caminho.

Eu que defendo a Direção Defensiva, principalmente perto das escolas, fiquei pensando na responsabilidade de quem transporta filhos alheios.

Voltando à cena da briga, enquanto esperava que meu trabalho fosse concluído, fiquei conversando com a vizinhança que àquela altura já havia acionado a Polícia Militar que, por sua vez, não encontrou a menina de regata alaranjada que havia sido conduzida por uma funcionária ao interior da escola e pai (?) de camisa verde, desaparecido no meio da multidão.

Das vizinhas ouço que as brigas naquele local são frequentes, têm hora e local marcados para acontecerem, as meninas são as maiores protagonistas e a PM tem sempre que ser acionada.

Voltei para casa naquela tarde de sexta com altas reflexões e o tema do próximo escrito definido. Senti saudades da porta de escola de outros tempos, quando ela era ponto de encontros saudáveis.

Senti-me naquela tarde nos tempos das arenas onde o espetáculo e o prazer estavam em ver o sangue rolar. Pergunto-me: A humanidade evoluiu?

 

(*) Mestre em Psicologia, Terapeuta das Perdas e do Luto, Palestrante

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