Estamos chegando ao final de um dos mais belos e impressionantes movimentos do povo pelo Brasil. Quem leu – ou vinha lendo as minhas crônicas em comentários da política – entendeu que a explosão popular foi geral, aguda, participada por todos os representantes do povo, do engraxate aos mais importantes líderes políticos, desta vez sem aquela demagogia de protestos literários e cor de rosa. Vejam comig as câmaras políticas, de vereadores, deputados estaduais e federais, senadores de toda espécie apareceram naqueles palanques de madeira fingindo bobagens na massa popular. A turma do colarinho político perdeu a fala, ninguém teve coragem de se dizer dono ou autor desta explosã o povo, o povão, precisava deste momento de catarse, pegue o dicionário, Zezinho, catarse é uma explosão de total alivio... e liberdade. Muitos vão dizer que esta explosão não tinha base, ponto de apoio, metralhadas e condenações. É verdade, e aí é que eu julguei o seu valor. Não foram os 32 centavos que explodiram e indignavam o povo. Eu mesmo neste pequeno e distante comentário avisei que o vulcão estava no ponto final da fervura, iria explodir! Pois é, tudo aconteceu como deveria acontecer: não houve espancamentos, agressões e mortes apaixonadas. Durante estes dias o Brasil se comportou de forma uniforme, do Amapá ao Chuí, um grito enorme de CHEGA! Como vocês todos, eu me assustava com a marcha do povo pelas ruas, praças e qualquer coisa onde podiam subir... e gritar... e gritar! Não houve um sacrifício de violências e morte, o povo queria mesmo era GRITAR, me respeitem, senhores do poder! Agora explodida a onda gritante, vamos chegando à praia, o mar vai se acalmando, parece-me aquela final de tempestade, a chuva vai passando, os trovões vão se afastando ao longe, algum geme, outros vão-se calando... se calando. Se Deus, que é o juiz absoluto, me chamasse, eu diria pra Ele: esta foi boa, chefe! Agora, maneira, patrão de todos. As peças desarrumadas do xadrez vão caindo em seu lugar. Algum medo, alguma vergonha, alguns ainda machucados e feridos, certas mentiras vão se queimar... afinal, eu não tenho forças jovens para gritar lá na frente. Respiro o ar purificado, se pudesse sentava na varanda, acendia um pito de palha (daqueles do Dino!), e olhava a lua cheia: meu Deus, este é o meu Brasil querido!