Esta era a meta principal de Jesus Cristo. Ele veio para fazer o trajeto da humanidade
Esta era a meta principal de Jesus Cristo. Ele veio para fazer o trajeto da humanidade, ficar na retaguarda para atender às necessidades urgentes dos mais excluídos e se colocar no lugar de cada um deles. É o que vemos na cena acontecida com o bom samaritano, quando Jesus não se identifica propriamente com o samaritano, mas com o homem anônimo caído e ferido na estrada.
No meio das pessoas sempre existe um clamor ingente por atendimento nas suas carências. As autoridades foram credenciadas para ter essas preocupações e agir com justiça em relação ao povo. Assim foi também no passado. Abraão teve que negociar e interceder pelas cidades de Sodoma e Gomorra, prestes a ser destruídas, porque ali estava cheio de pessoas injustas (Gn 18,20-32).
O povo brasileiro passa por momentos críticos. Existe uma onda de incertezas e preocupação em relação à necessária Reforma da Previdência. A pergunta que está no ar é esta: “Vai beneficiar as pessoas mais pobres ou continuar privilegiando quem sempre teve privilégios?”. Não podemos pensar apenas no sucesso econômico do país, mas olhar para as necessidades de todos os cidadãos.
Se quisermos uma Nação de excelência e de superação das fragilidades, todas as pessoas devem oferecer um pouco de sacrifício. Isto não pode ficar reduzido aos que já sofrem por causa da ganância e do acúmulo de outros. Ambos são cidadãos e com os mesmos direitos de dignidade. Quem teve e está tendo mais oportunidades e privilégio deve partilhar mais, numa visão de preocupação com todos.
Preocupar-se com o próximo pode ser uma atitude cristã, mas o gesto da partilha e de fraternidade deve ser de todo cidadão. O problema principal é o egoísmo econômico de prosperidade pessoal, de acúmulo sem limites, que não ajuda na vida coletiva. A falta de preocupação com as necessidades do povo significa não contribuir com um país mais próspero e saudável para a vida de sua gente.
As autoridades do país e todo o povo brasileiro precisam se deixar conduzir mais pelos critérios de Deus. Olhar a vida com olhos abertos para a justiça e a verdade. Só assim será possível construir a fraternidade e fazer com que a Nação brasileira se torne robusta nos seus objetivos. A onda de violência e insegurança é fruto de situações não condizentes com a essência do ser humano, imagem de Deus.
(*) Arcebispo de Uberaba