Presídios e mais presídios

Estamos em pleno momento de rebelião nacional eclodido pelo massacre ocorrido no Complexo Penitenciário Anísio Jobim e Cadeia Raimundo Vidal Pessoa, em Manaus. Morreram ali dezenas de presidiários. Boa Vista fez crescer as estatísticas e o efeito dominó prossegue, elevando o número de mortos.

O caso caiu na mídia e lidera com folga o noticiário. Outros Estados, além do Rio Grande do Norte, estão na fila para registrar suas rebeliões, e Minas Gerais, com seus presídios inchados, pode ocupar posição de destaque.

Literalmente com as mãos na cabeça, para não dizer de mãos ao alto, nossos governantes, em pânico, fazem tudo para transparecer que o Poder Oficial não perdeu a guerra. A luta é inglória entre o Estado Despreparado e o Crime Organizado. Força Nacional de Segurança e Forças Armadas entraram nesse fogo sem a certeza de sucesso.

Construção de presídios e mais presídios é o único caminho que traçam para equacionar a questão das rebeliões. É como se, aumentadas as vagas aos presos, estariam sanados a ânsia de fugas, o desejo de depredações e, mais do que isso, não haveria guerras entre facções criminosas. O problema está noutra via, já que criamos leis para enfraquecer as instituições e desestabilizar seus representantes. Distribuíram-se direitos com excessiva generosidade, e dever mesmo que é bom, quase ficou por conta do próprio infrator. Comparação excessiva esta? É só recordar que um magistrado de Roraima mandou para casa 160 presos, por receio de ver instaladas ali outras rebeliões e as mortes continuarem. Milhares poderão ter o mesmo destino para diminuir a barbárie.

Focaliza-se a bilionária construção de presídios e não se fala em construir de escolas. Ao contrário, crianças morrem de inanição por esses brasis e escolas ficam para décimo plano. Tudo atrelado à péssima qualidade do ensino, ao horrível transporte, às merendas surrupiadas, à subestimação dos professores e outros absurdos que os corruptos são mestres em materializar.

“Para cada 100 metros quadrados de cadeia construída, 1m² de escola será edificado”. Seria um bom diploma legal. Se uma coisa puxa a outra, toda a ruindade que mencionei acima poderá ser convertida em educação. As escolas, com o tempo, vencerão a guerra, e a proporção de 100X1 será invertida, ou seja, de 1X100. Com a palavra, algum conspícuo deputado ou senador. Será?

O problema é que a construção de presídios não dá votos, e sim muito dinheiro. Daí porque: presídios, presídios e mais presídios!