A Fórmula 1 ganhou um recesso de três semanas, encurtado pelas cinzas do vulcão de nome estranho, pois os equipamentos só chegaram à Europa...
A Fórmula 1 ganhou um recesso de três semanas, encurtado pelas cinzas do vulcão de nome estranho, pois os equipamentos só chegaram à Europa na sexta-feira. Normalmente estariam no velho continente na segunda, ainda na parte da manhã. Apesar das pequenas férias, a equipe italiana teve e tem de aturar um bombardeio da mídia especializada, devido à manobra realizada por Fernando Alonso na entrada dos boxes, na última etapa. Para quem não se lembra ou não sabe, Alonso ultrapassou o companheiro na espremida entrada dos boxes do circuito chinês, local polêmico, pois ali, em 2007, Hamilton deu o primeiro passo para o adeus ao título daquele ano. Depois veio aquela trapalhada mal explicada em Interlagos, mas isso é outro assunto, e daqueles que não são comentados pela mídia. Os italianos logo trataram de apagar o fogo, mas não existe gente mais especializada em plantar focos de incêndio que a imprensa espanhola, cargo que já pertenceu à mídia italiana, quando o assunto era a Ferrari. Mas a turma da massa ainda é boa no quesito, e não falhou desta vez. Pois a grande nota de um dos mais respeitados impressos italianos estampava o fato na segunda-feira, após a corrida e com colunista de respeito. Já os espanhóis declaravam que o conterrâneo apenas mostrou quem manda na equipe. Depois da entrada de um banco espanhol como patrocinador, isso é apenas uma consequência. E não é só isso, os hispânicos são a maior e mais eufórica torcida do velho mundo, e é por isso que a velha raposa Sir “Verme” Ecclestone presenteou o país ibérico com duas etapas no calendário. Já o Brasil conseguiu por menos de oitenta mil torcedores na arquibancada, e o pior: quantas empresas brasileiras estão presentes na F-1? E quantas hispânicas estão envolvidas na categoria? E na questão do retorno? Que retorno um brasileiro campeão iria dar a esse esporte, em termos comerciais, comparado a um europeu? Consumiríamos mais produtos ligados a esse esporte? Certamente que sim, mas nunca na mesma escala que os fanáticos torcedores de Alonso. Sem desmerecer a pilotagem do representante espanhol, que fez duas corridas memoráveis: a da Malásia, onde lutou com uma falha técnica, e aquela onde rodou logo depois da primeira curva e foi lá para trás. Já nosso representante tem tido corridas médias e, quando chove, mostra seu lado fraco. No entanto, por mais que Massa ande bem, sempre vai ter que lutar contra o mal que aflige todos os grandes esportes hoje, o lado comercial. Quem quer que dirija a parte comercial da categoria, apesar de sua experiência, nunca deixará passar uma oportunidade de ganhar mais e mais. Portanto, meus amigos torcedores do Massa, continuem torcendo pelo jacaré, assim como eu. Ao usar a lógica, sabemos que isso é impossível. Nem o Senna, que era e é um ídolo mundial, conseguiu ganhar da máquina comercial que o “Verme” construiu. Senna sentiu na pele o que era ser brasileiro quando foi preterido por Prost em duas ocasiões. Na primeira, a culpa caiu em cima de Ballestre, que posteriormente foi derrubado pelo “Verme,” justamente por favorecer o francês, Prost, na época com o total apoio de Ecclestone, mas na surdina. Depois, quando Senna achava que tinha uma vaga na insensível Williams de 1983, foi preterido em relação ao Prost. Depois que o francês conseguiu seu quarto campeonato, “Verme” arquitetou, junto com seu comparsa e grande amigo na época, Max Mosley, a proibição do modelo da Williams. Um carro sem concorrentes. A equipe, desde os tempos de Piquet, vinha desenvolvendo um tipo de suspensão ativa que nenhum dos rivais conseguiu desenvolver. Leia-se em pequenas letras o nome de Adrian Newey. E, se Ayrton, que era o grande daqueles dias, estivesse sentado naquele carro invencível seria impossível para qualquer mortal brecá-los na conquista do título. Mas a ala comercial tinha outros planos e precisava de um piloto alemão como campeão. A terra dos chucrutes era a grande economia da época, e o local que daria um grande retorno na categoria. Assim, vimos surgir nomes como Karl Wendlinger, Harald Frentzen, e o maior expoente da turma, Michael Schumacher. Todos oriundos da escolinha da Mercedes, onde Shummy era o pior aluno, mas ao estrear na categoria maior, foi o melhor e aquele que sempre teve a sorte e a política como aliadas. E deu no que deu, o pior aluno foi transformado em ídolo e muitos ganharam rios de dinheiro. O piloto foi aprendendo a dançar conforme a música e ganhou dois campeonatos com carros fora do regulamento. Depois foi contratado pelos italianos sob a batuta de Jean Todt, que tinha a função de tirar a equipe italiana das últimas filas. Se para Senna, tri-campeão, já estava difícil naquela época, imagine para o nosso Massa, atualmente. Mas nosso piloto tem uma carta na manga, e ela é simplesmente o sucessor de Mosley na FIA: Jean Todt. Foi Todt quem colocou o brasileiro na F1 e depois na Ferrari. Tudo conspira para o lado do espanhol, menos é claro essa cartinha do Massa. Mas nosso piloto vai ter que pilotar mais do fez até aqui, para o resto da temporada, e assim derrubar o movimento econômico dentro da categoria. Felicidades a todos!