Identidade é um conjunto de situações que identificam uma pessoa como sendo ela mesma: nome, data de nascimento, sexo, filiação, impressão digital, passaporte, etc. Atualmente, existe o perfil, chamado de “fake”, que nada mais é do que falsificação da identidade de uma pessoa, normalmente com intenções escusas, às vezes para obter vantagens, constituindo um verdadeiro crime de falsidade.
Na prática cristã, não é possível encontrar falsidade na vida de Jesus, a quem o cristão é motivado a seguir. A identidade dele deve ser a mesma de seus seguidores. É a dinâmica da ovelha, que ouve a voz do seu pastor e o acompanha, porque acredita na sua conduta. Ele não é pastor falso, com desvio de identidade para manipular indevidamente a serenidade de suas ovelhas.
No Evangelho encontramos uma bonita passagem onde se fala de um pastor e suas ovelhas, acrescentando que elas ouvem a voz do pastor e confiam nele (cf. Jo 10,27-30). Todo pastor, todo pai, toda pessoa investida de autoridade, precisa dar segurança para os seus seguidores. É uma condição de vida para que exista verdadeiro equilíbrio na convivência social, na comunidade e na sociedade.
A autenticidade de Jesus é a mesma do Pastor, daquele Cordeiro que deu a vida pelas ovelhas. Isto significa que o pastor participa das mesmas condições da vida delas, porque existe uma identidade no relacionamento entre ambos. Quando não há falsidade na identidade pessoal, que é fonte de desconfiança, o relacionamento mútuo se torna muito mais confiável, maduro e saudável.
Estamos numa cultura com chagas de falsidade, de medo, de desconfiança, dificultando os relacionamentos na vida real. Creio que podemos falar de uma história mal conduzida, com muita falsidade, causadora de situações desconfortantes, diferenças sociais gritantes, desigualdade na população, aumento da riqueza de uns poucos e de extrema pobreza da maioria das pessoas.
A pessoa se identifica a partir da escuta do outro e de sua capacidade de diálogo sincero e fraterno. É difícil conhecer alguém que se fecha em seu próprio mundo, que foge do relacionamento e da convivência comunitária. É importante aqui dizer que uma das referências de identificação é a escuta atenta da Palavra de Deus. Ali estão valores permanentes que qualificam a vida da pessoa.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba