Pelas manifestações que frequentemente recebo de sobrinhos, de sócios do Clube do Tio Mário e de telespectadores que ficavam ligados no programa...
Pelas manifestações que frequentemente recebo de sobrinhos, de sócios do Clube do Tio Mário e de telespectadores que ficavam ligados no programa aos domingos (1974-1984), fica-nos a impressão de que o programa Roda Gigante continua no ar.
No texto que foi publicado em 17 de março no Jornal da Manhã, fizemos uma abordagem dos problemas que o Tio Mário teve de enfrentar quando apresentava o programa na TV Uberaba. Ficamos encantados com a sensibilidade da leitora Kálica Fabíola, que enviou para o Jornal os seus comentários. “Como não se lembrar do programa [do] Tio Mário?” E citou as brincadeiras Múltiplos de 5 (“1, 2, 3, 4, TV Uberaba...”); O que voa e o que não voa (respectivamente na buzina e na campainha) e Guaraná no Prato (em que as crianças mais novas, com uma colher, tomavam guaraná Golé num prato) e, também, as gincanas. Em seguida, Kálica escreveu que não se lembrar do programa “...é não se lembrar da própria infância.” E continuou: “Era um programa para crianças, com brincadeiras puras, inocentes. Sem o ensinamento consumista que (...) toma conta dos atuais programas infantis...” E concluiu salientando a necessidade de haver hoje “programas como o Roda Gigante na infância de nossos filhos”. Nossos agradecimentos a essa leitora de indiscutível memória e grande coração, por essas palavras sobre o programa.
E, além da amável carta da Kálica, tivemos outra agradável surpresa. Nossa amiga telefonista do Jornal da Manhã, Haide, informou-nos que recebera uma ligação (Imaginem!) da Solange, a menina que foi mordida pelo macaquinho no programa. Lembram-se dessa história? A vida dá suas voltinhas e numa delas nos encontramos com pessoas de quem nunca nos esquecêramos. Ligamos, então, para Solange. Foi um feliz reencontro, ainda que pelo telefone, depois de trinta anos.
Solange esclareceu que, de fato, teve de tomar as vacinas prescritas por doutora Rosa (quatorze agulhadas nas costas) e que até hoje tem medo de agulhas. E não é para menos. Diz que conserva a cicatriz da mordida e faz questão de dizer que foi mordida por um macaquinho, no programa do Tio Mário.
Fiz-lhe uma perguntinha, por curiosidade: “E você ficou com medo de macacos?” A resposta foi mesmo inesperada: “Não, senhor, muito pelo contrário. Tomei amor por macacos. Tenho uma enorme coleção de macaquinhos de pelúcia.” Uma boa escolha, sem dúvida: macaco de pelúcia não morde.
E o programa rendeu-nos outros tantos casos que, se publicados, podem nos levar a outros reencontros, como aconteceu nesse caso.
Solange está de volta ao Brasil e a Uberaba já há quatro anos, depois de passar longo tempo na Europa, morando na Inglaterra e visitando, com frequência, Portugal. Como Solange disse se lembrar da Aninha (minha filha que ajudava no programa), informei que ela reside em Estoril (Portugal), perto de Lisboa.
Hoje somos agradecidos ao macaquinho peralta, que nos possibilitou esse momento único. Obrigado, Solange, por ter ligado e por nos possibilitar um alegre reencontro com um passado também repleto de alegria. Um outro obrigado à leitora Kálica Fabíola, pelas palavras expressivas e amigas...
(*) Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro