Estamos perto das festividades de Natal e fim do ano civil. É tempo de saneamento das mentes, para dar lugar a ares novos, vida nova e renovada. O ano de 2021, ainda em tempo de pandemia, vai ficar na história como realidade difícil para a humanidade, de luto e sofrimento. No Brasil tivemos que enfrentar o “gosto amargo” das polarizações, mas também de esperança com a chegada das vacinas.
Aproximar-se do que é novo significa fazer um processo de renovação do coração e caminhar para um recomeço enxertado de utopias, de esperança e de luta. É fundamental ter a capacidade para recriar aquelas motivações que valorizam a vida e a dignidade das pessoas. A confiança e a capacidade de realizar projetos novos é capaz de sustentar essas utopias de uma vida melhor e saudável.
O isolamento social da pandemia do coronavírus tem uma afinidade com o Exílio da Babilônia, lá no passado, quando o Povo de Deus ficou totalmente confinado na Mesopotânia, fora de suas terras. A libertação dessas experiências sofridas proporciona ao povo um clima de novidade, esperança e júbilo. Agora é retirar a veste de luto e tristeza e se revestir de beleza, glória e alegria pelo novo.
Já é quase possível dizer que a pandemia terminou, porque, aos poucos, está acontecendo o advento da normalidade. Mas é necessário continuar investindo na autoproteção, pois o vírus ainda continua circulando. Não descartar as orientações das Secretarias Municipais de Saúde, que lutam com todas as forças para conseguir vencer totalmente essa pandemia, que ceifou tantas vidas.
A chegada do Menino de Belém, o nascimento de Jesus no dia de Natal, tem uma conotação de novidade e de profunda marca histórica. É o irromper de novos tempos, ou também chamado de “fim dos tempos”, não de criar medo e temor, mas alegria da vida que brota de um querer divino, interpretado como tempo de salvação e vida nova. O Advento é celebração da proximidade desse fato.
O nascimento de Jesus é a entrada de Deus na história e na vida humana, para ressignificá-la e elevá-la na sua real dignidade. Isso faz com que o ser humano seja divinizado. Com isto, celebrar o Natal é grande oportunidade para reorientar a vida para o Senhor e confirmar a continuidade da presença de Deus no meio de seu povo. Essa novidade deve ter lugar central na vida de todos.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba