Tenho sido abordado constantemente para emitir minha opinião sobre as mudanças a que se submete o nosso trânsito urbano. Não me furto a tal trabalho, como aliás tenho feito voluntariamente em relação a outros problemas que nos competem como uberabenses. O dia em que eu fechar os olhos para a minha cidade, estarei cerrando-os também para a vida.
Vivemos numa metrópole em que os veículos nos agridem de forma deliberada, bastando ver a proporçã temos um veículo para cada dois habitantes e essa relação nos coloca entre as cidades mais motorizadas do país! Vejo muita gente andando a pé e de ônibus, mas essa é a realidade. Uberaba é, por essa e outras razões, uma cidade atípica. Nossa economia, dizem, é estranha.
Já além da hora estamos assistindo à quebra de paradigmas em termos de direcionamento do nosso fluxo viário. Uberaba sempre formatou o próprio trânsito atendendo necessidades pontuais, quando não baseadas em pedidos eleitoreiros e pouco fundamentados. Chegou a hora das cirurgias profundas. Organizemos o trânsito agora, ou ele em breve nos estrangulará. Aí está o paradigma a ser quebrado.
Tenho nítido na memória um semáforo manual operado por Guarda Civil no vértice inferior da praça Rui Barbosa (início da rua Vigário Silva). Era o ano de 1963. João Batista Giraud exercia a “engenharia de tráfego.” Lembro-me também de ver depois, o nosso sistema semafórico sendo desligado às 23h00. Aquela era a “Uberaba dos meus dias outonais” (Q. Jardim). Hoje estamos no sistema digital que exige rápida fluidez.
E qual é a minha opinião sobre o novo esquema do nosso trânsito? Respondo que é cedo para expressar uma resposta acabada, visto que, o assunto é dinâmico e de resultados idem. Há, entretanto, medidas indispensáveis a tomar em respeito ao público, já que esse é o legítimo usuário das vias. Consultas à população e Audiências Públicas existem para dirimir dúvidas. Sem essas “cortesias legais”, os prejuízos e dissabores não param. Uma coisa é certa: cidades paulistas de portes menores, iguais ou maiores do que a nossa, fluem seus veículos somente no sistema binário. Aqui não usávamos esse bom processo; daí a nossa dificuldade em assimilá-lo.
Breve voltarei ao assunto e abordarei questões específicas do nosso novo sistema viário. Vou girar mais para analisá-lo melhor.
(*) presidente do Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região; membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro