Do edifício onde moramos, vemos a rua abarrotada de veículos e seus passeios borbulhantes de criaturas aflitas com o relógio que não espera ninguém. Certo é que todas deveriam ter se levantado mais cedo para sentirem a verdade do velho adági “Termina à obra cedo, aquele que a começa com tempo.” Como somos animais dotados de sangue quente, essa razão exige que nos mantenhamos aquecidos por volta de 36ºC. Por saber disso, deixar as cobertas e enfrentar um tempo gelado, horroroso como o desses dias, é de fato um desafio a nossa coragem. Nenhum ser de sangue quente, se mantém vivo por longo tempo em temperatura abaixo de 36ºC. É concebível admitir que todos os mamíferos guardem mais ou menos essa necessidade. As baleias exemplificando, são mamíferos terrestres de sangue quente, que emigraram para o mar há uns cinquenta ou sessenta milhões de anos, sem que se saiba a razão dessa opção. Mesmo em território diferente, necessitam de uma temperatura por volta da mesma que outros mamíferos necessitam. Para preserva-la, possuem o corpo internamente dotado de uma camada de gordura que varia de 16 a 18 centímetros de espessura, como se lê no livro “As baleias”, de Roy Chapman Andrew. Os peixes possuem sangue frio, isto é; a temperatura de seu sangue se ajusta de acordo com a temperatura da água a cada instante. Como o animal de sangue quente não possue esse ajustamento, necessita de recursos para manter-se na temperatura de 36ºC. São tais detalhes que classificam animais de sangue quente e sangue frio. Segundo se lê no livro “Cientistas Famosos”- página 190, o médico e pesquisador Sr. William Harvey, depois de tantas pesquisas, concluiu que o órgão responsável pelo aquecimento do corpo humano é o coração e, que o mesmo se acha provido de muitas válvulas para estabelecer provavelmente, frenagens as velocidades anormais, de modo a manter sempre quente, o sangue que perde calor no percurso da grande circulação. Belíssimo, exclama... “A Natureza tão previdente, não haveria de colocar tantas válvulas sem propósito no coração!” Lembrando-me destas considerações, ao assistir nesses dias gelados, algumas criaturas que passavam com pouco agasalho lhes aquecendo, tive delas grande pena, grande dó, diferente de um garoto com os seus 15 anos, de short, de pés em chinelos abertos, em camisa de mangas curtas e ao peito aberta, querendo a nós transparecer, ser um forte e desigual daqueles que sentem o frio. Enganava-se, não sabendo do mal que a si fazia. De olhos atentos, acompanhava aquele garoto quase desnudo dos pés a cabeça, entre tantos outros de luvas e pesadas roupagens para o inverno. Quanta pretensão em querer nos parecer forte e desigual!... Quanta desinformação!...Todos nós de sangue quente, somos iguais. Todos nós sentimos o frio. Sentir mais ou menos isto ou aquilo, não constitue forma de se mostrar forte, desigual e grande. Não se o avalia ou se mede o homem por essas bravatas—alias garoto, tenha que o homem se mede tão só do Queixo para cima. Essa é a única diferença que marca um desigual entre eles— mesmo assim, galhofando, sentem o frio porque são seres de sangue quente, necessitando severamente dos 36ºC. Você também por ser de sangue quente, sente frio, sim—apenas se acreditando, quis nos mentir e se mostrar que era forte e desigual.