(Proibido ara menores de 70 anos)
Senhor, tu que partilhaste a vida do homem e suas etapas,
tu que fizeste a velhice, não permitas que eu venha a ser
um desses velhos chatos sempre a criticar, resmungar e
denegrir, envinagrando a vida dos outros.
Conserva em mim o senso do humor que
me permite rir de minhas próprias atitudes
e transformar minhas aflições em objeto de gracejos.
Faze de mim, Senhor, uma pessoa sorridente que,
não podendo dar muita coisa a seus irmãos,
lhes dê, pelo menos, um pouco de alegria.
Senhor, tu que colocaste em meu peito
um coração de carne para amar e ser amado,
não permitas que eu seja uma pessoa egoísta, fechada
em sua concha entre paredes intransponíveis,
constantemente preocupado com os defeitos dos outros.
Faze-me, Senhor, uma pessoa generosa
que reparte seus quatro centavos com aquele que só tem um
e as flores do seu jardim com os que nem terra tem,
que sorri para as criancinhas e atira pedaços de pão
aos passarinhos que pousam em frente de sua casa.
Senhor, não permitas que eu viva falando bem do passado,
e maldizendo os tempos de hoje, dos jovens que não respeitam ninguém.
Senhor, tu que estabelecestes as estações do ano e as da vida,
faze com que eu seja de todas as estações.
Não te peço a felicidade, pois bem sei que
nenhuma estação a traz, nem a primavera.
Simplesmente te peço
que minha última estação seja bela,
um inverno criativo,
para que eu dê testemunho de tua bondade.
(*) Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro