Que tempo é esse?

Há períodos em que se torna difícil extrair do cotidiano inspiração para escrever. Nestas últimas semanas tem sido assim. Nada me pareceu passível de ser abordado com leveza.

Novela do IPTU caro e atrasado como o meu que não chegou até hoje em meados de abril. A Internet resolveu meu problema, mas penso naqueles que não têm ou não sabem lidar com o computador.

IPTU pago em dia, mas coitado do meu bairro! Nenhuma placa indicando que existe um local chamado Parque do Mirante e nem como se chega até ele. Já virou rotina orientar pelo telefone visitas que se perdem e não conseguem enxergar durante a noite os nomes das ruas escritos em azul escuro sobre placas azul claro...

Mato em terrenos vizinhos dando medo de entrar em casa.

Nossa tão esperada UPA nova chegando, mas bem ao seu lado uma verdejante plantação de mamonas nos impede de vê-la em sua exuberância.

Na esquina da rua Dr. Limírio Dias de Almeida com a Leopoldino de Oliveira, para quem vai virar no sentido centro, um traiçoeiro buraco que de vez em quando demanda ajuda especial para motoristas que não sabem de sua existência.

Greve dos vigilantes de banco.

CPI da Saúde.

Atropelamentos e mais atropelamentos no perímetro urbano e rodovias que passam por Uberaba.

Dinheiro da Área Azul que ficou retido por falta de assinatura, enquanto o Hospital Hélio Angotti passa por suas históricas penúrias.

Caso da manutenção das ambulâncias.

Em franca expansão o espicha/encolhe dos anos eleitorais. Costuras e descosturas políticas. Inimigos históricos reunidos e amigos se desentendendo na corrida para definir quem vai e quem fica.

Enquanto isso, eu que amo com paixão essa cidade, vou ficando cada vez mais entristecida e encolhida com o cenário, preferindo mais calar do que falar – exercício difícil para quem gosta de escrever –, mas torcendo muito para que surjam fatos mais sugestivos e inspiradores...