São muitos os mistérios que nos rodeiam. São muitas as coisas que jamais serão explicadas. Marcelo Gleiser, um dos grandes astrônomos da atualidade, ateu, declarou o seguinte: “Há três coisas que a Ciência ainda não explicou e, provavelmente, jamais explicará: a origem do Universo, o funcionamento da mente humana e a transformação da energia em vida.” Isso na dimensão da matéria. E na dimensão das coisas que estão além da matéria?
O Apóstolo João diz que “Deus habita numa dimensão inacessível, que nenhum homem jamais viu a Deus”. São Tomás de Aquino, sem dúvida o maior teólogo da Igreja, afirmou: “É impossível saber a natureza de Deus”.
Por isso é que a Fé não é fruto de um conhecimento, mas de um dom gratuito de Deus. Atribuímos a Ele atributos humanos (bom, justo, compassivo, verdadeiro) porque não temos outra maneira de senti-lo dentro de nós. É mais uma intuição do que um raciocínio. Podemos “intuir” sua presença numa música, numa poesia, num pôr de sol, no sorriso de uma criança. É uma intuição que nem sempre percebemos porque nos falta silêncio interior. A intuição de Moisés foi clara: “Eu sou aquele que é” e nada mais foi dito.
Infelizmente, por ignorância ou por simplicidade, atribuímos a Deus coisas absurdas, como se Ele fosse responsável pelos nossos males. Cito alguns exemplos para que fique claro o que estou afirmando. Já faz algum tempo, fui conhecer um santuário de uma cidade de Goiás. Na sala dos “milagres”, pendurado, um quadro imenso mostrando dois homens e uma onça. Em baixo, a explicação. “Por ordem do patrão, eu e o Jorge, fomos encarregados de matar uma onça que estava comendo os bezerros. De repente, ela aparece na nossa frente e pulou em cima de mim. Gritei: ‘Divino Padre Eterno, me ajude’. Imediatamente, a onça me largou e, pela graça de Deus, pegou meu companheiro e o matou. Tive tempo de fugir. Deus é fiel”. Meu leitor, pense o que você quiser, mas esse tipo de Deus não existe. Por que a onça escolheu o outro, não sei. Só sei que Deus não foi. Talvez o Jorge fosse mais gordinho... Outro fat Há poucos meses, um ônibus caiu numa ribanceira provocando a morte de 19 pessoas. Um, dos que escaparam, fez a seguinte declaraçã “Graças a Deus consegui sair vivo, sem nenhum arranhão”. Por que “graças a Deus?”. Por que Deus não ajudou os outros 19 que morreram? Esse Deus não existe. Outro exempl “Bati a penalidade máxima e, graças Deus, fiz o gol”. Por que Deus não ajudou o goleiro que estava em situação muito pior? Por que não rezou? Mais um exempl Numa viagem de Uberlândia para Uberaba, um carro com um casal capotou. A esposa, grávida, de vinte e poucos anos, morreu. Fui ao velório. Enquanto orava diante do corpo, uma senhora se aproximou da mãe que estava em frente e disse o seguinte: “Tenha confiança, foi a vontade de Deus, devemos aceitá-la”. Mais uma vez, esse tipo de Deus não existe. Foi Deus o responsável? Por que não a imprudência do motorista ou algum defeito na máquina? Atribuir a Deus tamanha crueldade?
O homem vem, há tempos, alterando e agredindo as leis da Natureza. As consequências estão aí: terremotos, furacões, vendavais, enchentes, tsunamis, doenças estranhas (câncer, alzheimer, aids) se multiplicam. Deus é o responsável?
Já não é tempo de revermos nossas crenças? Que ideia faço de Deus? Será que ando pensando que Deus é manipulável? Será que há gente que pensa que Deus bate pênalti? Será que você pensa que Deus joga ônibus no buraco?