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Quem joga

As peças estão distribuídas no tabuleiro campal. Ali está o peão

Gilberto Caixeta
gilcaixeta@terra.com.br
Publicado em 20/03/2012 às 20:00Atualizado em 17/12/2022 às 08:55
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As peças estão distribuídas no tabuleiro campal. Ali está o peão, ombreando com outros peões, pronto para o jogo, mesmo não sabendo quem joga. Caso seja estratégico, para quem joga, ele poderá ser sacrificado. O cavalo que nunca olha para frente, de ar imponente, ataca pulando casas. Os bispos e as torres deslocam em linhas diferentes, que podem se cruzar. Pouco ou nada se sabe sobre quem decide se é o bispo ou a torre quem deslocará. Começa o jogo. Quem joga, por enquanto, não se sabe. As peças avançam com as suas funções várias. A defesa é para o rei, os demais serão sacrificados ao longo da conveniência do jogador. No entanto, só quem joga sabe quem será o primeiro a ser sacrificado. A outra questão nesta luta é saber por intuição quem é o dono do jogo, quem está atrás de todas as peças em jogo, quem comanda, quem joga. Ninguém quer ser sacrificado. O xadrez é a expressão da vida, igual na política, com os seus arranjos partidários onde ficam as peças que comporão o tabuleiro. Se irá sacrificar, inicialmente, o peão, é porque não se deve entregar o bispo; talvez não neste momento. Em defesa da rainha, que está ao lado do rei, sacrifique, então, o bispo para preservá-la. Avance com as torres, force a saída do cavalo e mostre aonde quer chegar com aquele deslocamento de peões. Quem joga é o jogador, porém, poucos sabem quem ele é. Quem defende ou acata nem sempre é o jogador. Quem se resguarda nem sempre é quem joga, e quem ataca talvez não seja o protagonista do jogo. Pouco se sabe do jogador. Das peças alguns têm noção, embora, desconheçam as suas funções no jogo. Só quem comanda o jogador sabe. É irrelevante saber se jogam com a rainha ou com o peão; o jogo é outro. Está na cabeça de quem está manipulando o jogador. Influencia pouco quem assiste ao jogo. Que salte o cavalo à frente e seja sacrificado depois, mas agora é o momento de defender o rei, então, execute o peão, avance com a torre. O jogo truncado é jogado, os erros são atribuídos a quem joga, mas quem joga com a mão do jogador é de quem se pouco fala, ou fala-se em seu nome sem saber quem é ou qual atribuição é delegada por ele. Quem assiste pode até ter uma opinião sobre qual peça deveria ser mexida, porém, assiste estupefatamente. Quem assiste não deveria ignorar quem joga. Talvez seja um erro esse pensamento. Quem joga, afinal? Pueril pergunta. Estão atrás de reis e rainhas, de peões e bispos, de cavalos e torres, que mexem conforme o desejo de quem comanda o jogador. Lança um, sacrifica outro e não se apaixone por nenhum. O jogador erra; mexeu equivocadamente a peça, creu que não erraria, esperou por quem não queria vir. Xeque-mate! Não, só na apuração.

(*) Professor

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