Nossos representantes políticos não têm ainda dois meses de governo. Ainda não tiveram tempo nem...
Nossos representantes políticos não têm ainda dois meses de governo. Ainda não tiveram tempo nem para renovar o guarda-roupa. Acontece, porém, que o eleitor é impaciente, quer ver mudanças em uma semana. Queixa-se da sujeira das ruas, do mau cheiro do esgoto, da falta de água, do mosquito Aedes aegypti. Você não acha que estamos sendo injustos? Não acha justo conceder a eles pelo menos seis meses? Tem muita gente boa lá em cima, um bom número, gente séria que quer trabalhar. Quem sabe eles farão alguma coisa de bom para a cidade?
Na década de 40, o Papa Pio XII pronunciou um famoso discurso sobre a Democracia. Afirmou que “era o melhor regime de governo, apesar de seus defeitos”. Os dirigentes, nos regimes democráticos, podem ser fiscalizados e castigados. O poder está radicado no povo, mas como o povo não pode exercê-lo diretamente, escolhe seus representantes. Todos são eleitos para governar no lugar do povo, em “nosso” lugar, em meu lugar, em seu lugar. O poder não cai do céu. Brota das mãos do povo. Se brotasse de nossa escolha consciente, escolheríamos apenas os bons, os honestos, os de bom caráter, gente que fosse gente. Afastaríamos os inescrupulosos, os safados, os trapaceiros, os golpistas, os nepotistas. Como seria bom se fôssemos governados por gente confiável. Viveríamos bem mais felizes. Mas, isso não acontece. Não sabemos votar. O câncer já entrou na fase irrecuperável da metástase. Nossa esperança de uma política sadia já está na UTI. O que acontece, infelizmente, é que os culpados somos nós. Somos os responsáveis pela situação. Quem os escolheu fomos nós. Infelizmente não votamos em quem gostaríamos de votar. Votamos em quem “eles” nos apresentam. O povo não escolhe ninguém. São as bases políticas que fazem o jogo. São elas que nos apresentam os candidatos previamente escolhidos por eles. Todos nós conhecemos a história daquele rapaz que se enamorou da filha de um coronelão. Encheu-se de coragem e, depois de uma meia-dúzia de birita, resolveu enfrentar a fera. Disse quem ele era, deu todo seu currículo e pediu a filha em casamento. A resposta foi curta e grossa: “Olhe, ‘seo’ moço, tenho 5 filhas e o senhor pode se casar com qualquer uma delas, contanto que seja com a Mariazinha.”
Assim acontece conosco nas eleições: somos livres, você pode votar em quem quiser, contanto que seja em um daqueles da lista que eles fizeram.
Isto chama-se democracia. Dizem que é o melhor regime político. Para quem? Agora, quanto aos nossos, vamos esperar mais um pouco. Há muita gente boa entre eles. Paciência, minha gente.