A Semana Santa começa com o Domingo de Ramos, quando Jesus Cristo, num gesto de humildade e enfrentamento, entra em Jerusalém, montado num jumento. Ele é acolhido pelos presentes, com ramos nas mãos, e abre o caminho de sua própria condenação, que culmina com sua morte na cruz. Novos tempos começam a fazer parte da história e da vida dos que acreditam Nele.
Além da expressão e da prática de humildade de Jesus, Ele cumpriu uma missão projetada pelo Pai como gesto de obediência, sem olhar para o passado, mas confiante no que estava para vir no futuro. A morte consciente e responsável é desabrochar de vida nova, a passagem do que era corruptível para uma situação e vida de incorruptibilidade, no dizer do apóstolo Paulo (I Cor 15,53).
A morte de Cristo na cruz tem um significado de grande envergadura, porque foi precedida por uma importante trajetória de conduta construída no amor, na doação, no despojamento e na fidelidade ao projeto do Pai. Podemos até concluir que, na ausência dessas prerrogativas essenciais no currículo da vida de uma pessoa, a sua morte termina no sofrimento e no vazio existencial.
Todo cenário apresentado durante a Semana Santa deve ser visto como motivador de fé. O ator principal das cenas é Jesus Cristo, Deus encarnado e feito homem, unindo humanidade e divindade com um objetivo de salvação. A Ressurreição foi o marco referencial da fé das pessoas tocadas pelos sentimentos divinos. São presenciadas cenas de doação, de humildade, mas também de violência e morte.
O destino do povo de Deus e da humanidade passa pela via da cruz, do sofrimento e do mistério benevolente do Senhor. Essa realidade deve tocar no coração e na mente das pessoas e levá-las ao reconhecimento do plano de Deus, isto é, o sofrimento assumido com consciência para gestar vida nova. A Páscoa é consequência de atitudes conscientes de doação, mesmo com a via do sofrimento.
Aquele que no Domingo de Ramos entra triunfante em Jerusalém, mas com aparência de homem simples do povo, é o mesmo que mete medo nas autoridades constituídas de seu tempo. Ele aparece com uma postura de quem serve e mostra, com isso, o critério fundamental da vida cristã. No dizer da Sagrada Escritura, Ele veio para servir, e não para ser servido (Cf. Mt 20,28).
(*) Arcebispo de Uberaba