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Recolhidos na saudade...

Vejo que o cerco da despedida aos viventes da minha geração vai fechando aos poucos

João Eurípedes Sabino
forumarticulistas@hotmail.com
Publicado em 08/07/2011 às 23:08Atualizado em 19/12/2022 às 23:28
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Vejo que o cerco da despedida aos viventes da minha geração vai fechando aos poucos. Os que escapam têm a absoluta certeza, aliás, a única, de que o momento de partir é só questão de tempo. Bate-nos uma melancolia passageira e aí... disfarçamos como se tudo fosse uma hipótese, e prosseguimos. Assim foi com o amigo Epaminondas Gonçalves com quem abordei tantas vezes esse tema. Era um excelente profissional que não sabia trabalhar sem filosofar. Com a liberdade que nos aproximava, me permito lhe perguntar: Epaminondas, precisava nos dar essa surpresa? E só escuto o seu triste silêncio a me zunir nos ouvidos... depois de 04/07/2011.

Nos alvores da nossa juventude, aquele peito forte com voz tenor lírico-dramático já nos encantava nos bailes da cidade e era uma grande promessa para figurar junto aos talentos nacionais. Que o digam os Agnaldos Timóteo e Rayol, além de outros. Seus laços afetivos com sua terra, entretanto, falaram mais alto e ele aqui ficou para nos acalentar. E como soube fazê-lo! Nas várias apresentações profissionais, nos saraus com os amigos, numa seresta ou cantando ao lado de um corpo ser já sem vida, Epaminondas ia ao êxtase!

Jamais nos esqueceremos do dia 24/09/2005 quando, no Cemitério São João Batista, sob lágrimas, o vimos cantar “Sinhá Maria” de Orlando Silva para atender ao pedido que lhe fez o amigo Lineu Miziara sete dias antes daquela triste despedida. Eu teria a coragem de me arriscar e, ao lado da urna de Epaminondas lhe dedicar “Naquela mesa” de Sérgio Bittencourt. A correria, infelizmente, nos rouba essas oportunidades... Perdoe-me amigo, só fiquei sabendo depois.

Não sei qual é o título mais próprio para denominar esta crônica: “Uma voz que emudece...”, “Um pássaro que silencia...” ou, “Toda Uberaba ressentida...”. Optei pelas três últimas palavras do parágrafo seguinte. 

A esposa Maria Rosa Bertoldi, a filha Adriana e o neto Artur herdaram um grande legado que são as incontáveis boas sementes semeadas por Epaminondas. Nós, seus amigos, fãs e clientes, ficaremos recolhidos na saudade...

(*)  presidente do Fórum  Permanente  dos  articulista  de  Uberaba e  região; membro  da  Academia  de  Letras  do  Triângulo  Mineiro

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