As exigências diárias da vida sufocam nos seres humanos a espiritualidade que deveria ser obrigatória na sua existência. Afinal, a diferença única que existe entre um ser humano e um animal é o que chamamos alma – ou espírito. Os dois têm um igual destino final: morrer, em algum dia ou hora. A diferença única é que para o animal está tudo acabado – e para o ser humano, tudo continua na espiritualidade de uma nova ou – quem sabe – novas vidas. Em criança e juventude isto não era um pensamento ou preocupação. Minha santa mãe era católica apostólica romana, hermética, e foi assim que criou seus quatorze filhos. Estes (eu entre eles) seguiram seu ensinamento e vida, o mais velho, José Humberto, como exemplo do perfeito boi de guia – o melhor homem que conheci. E vejam: ele e eu sabíamos que não era perfeito, que às vezes apareciam falhas ou erros – que nós costumamos chamar pecado, e até classificamos sem saber em mortais e veniais. Vem daí, necessariamente, a dúvida e o estudo do nosso destino final e da nova vida, já que admitimos a eternidade do espírito. Tem gente que nega e renega a nova vida ou experiência do espírito – ou alma. Não vou classificar ninguém, nem pessoas e suas crenças ou descrenças espirituais. O corpo, com frequência, é liberado – a alma nisto é livre e individual. Aqui, pensando e escrevendo, posso imaginar a surpresa dos meus leitores habituais, com as crônicas da vida cotidiana e mortal. Algum vai dizer ou pensar: agora o João Gilberto ficou doido de verdade. Nada disto, meu amigo. Poucas vezes penso na profundidade da vida, seu corpo material e seu espírito, que será eterno. Não me aflige fazer pregação religiosa, quando muito é levantar o pensamento além da exclusividade material. Sem nenhuma pressão por esta, a minha ou outra religião. Tenho e jogo no tapete mil circunstâncias em que acredito, e não fazem parte do ensino ou da religião individual. Por exemplo simples: quem pode me garantir que somente serão salvos para a eternidade os católicos perfeitos e praticantes? Aquele indiano, árabe, branco ou preto, etc., etc. – que nasceu, criou-se e morreu sem sequer ter conhecido, lido ou educado na religião cristã... morreu, vai pra onde? E eternamente? E vejam que tenho coragem para pensar – e contar-lhes – outros pensamentos e dúvidas extras das religiões atuais. O exemplo mais simples: existem outros planetas e vidas fora da Terra? Acredito seriamente: existem. Afinal, os pobres instrumentos e máquinas terrestres descobriram milhares de sistemas e planetas em que pode existir e viver o ser humano. Porque a nossa egoísta (e ignorante) crença na Terra, única dedicação de Deus aos seus seres criados... e daí pra diante, meu amigo, tem muita coisa a ser pensada. Eu vou indo devagar, talvez querendo durar mais. Se você tem uma receita ou solução, conte pra mim!...
(*) Médico e pecuarista