A semana amanheceu doida. Um Boeing da Air France decola do Rio para Paris e desapareceu no meio do Atlântico. Vão dizer: isto acontece, e é verdade. Mas estão acontecendo coisas demais, e muitas delas não são de acontecer comum. Aqui, neste Brasil que Deus premiou com poucas desgraças, estão exemplos para a gente pensar. Você pensaria que Santa Catarina pudesse ter enchentes de afogar cidades e gentes? Se pensou e admitiu, explique agora para mim as enchentes lá do Pará, Piauí, Maranhão, as suas represas arrebentando, casas onde só o telhado ficou fora da água... Imagino o susto daquelas vacas magras que tinham que beber água na caçamba, os jegues carregando água pra patroa fazer almoço, o pai cortando palma pro gado comer, que capim a seca matou total... Fico de orelha em pé com o frio desta manhã... será que tem geada neste programa do Destino e Deus? Olhem que estou nacionalista, não conto as misérias e mortes do Paquistão e Oriente Médio, ignoro a quebradeira dos bancos, das indústrias e negócios dos países chamados ricos e inatingíveis. Ontem, ali nos Estados Unidos, a GM gemeu na bancarrota, pediu concordata jamais sonhada. A Inglaterra declara juros zero, a França chora magoas com seu presidente Sarkozy (isto é nome ou remédio pra azia?). Até os cinco grandes ficam mais humildes, o Brasil entra no jogo dizendo que agora somos G-20, sai desta, Lula, rico quando abre a porta é pra botar lixo na rua. Aliás, só de contar prosa o Governo já levou tiro na asa: não é que a Dilma Rousseff arranja um linfoma, e deixa o PT numa quase e catastrófica orfandade? A apelação eleitoral de todos os governos aqui entre nós é na base da caridade, bolsa família, bolsa escola, bolsa pra todo lado, vou pedir bolsa pra cronista em crise, o Dino quer bolsa pra pescador... e lá fora chega o moço do gás, diz que antes era trinta, agora é quarenta, o senhor sabe, né, é a crise... Também, eu sou culpad quem mandou ler jornais e ver a televisão? Notícia, para ter valor e audiência, tem que ser de desgraça, como o avião onde comecei. É morte nas estradas, nas ruas, é roubo com e sem CPI, é droga onde estamos bem de craques e cocas, é violência de toda espécie, mesmo no amor que era tão belo e agora tem que ser anormal, criminal e até mortal. Amigos leitores, não desesperem com esta fase de tanta roupa suja e miséria humana. Tudo isto pode ser aviso da Providencia, de Deus que está tocando a campainha: cuidado, minha gente! Rezem e olhem a natureza que Eu criei perfeita. Foi de presente, não estraguem o mundo. Daí, olho lá fora, é manhã de seis e meia, fria, mas de um céu azul infinito. No galho da trepadeira vem a pomba-rola de todas as manhãs, ela sabe que eu vou lhe dar casca e miolo de pão velho. É verdade, bom Deus, a vida é bela. Por que nós não ajudamos?
(*) médico e pecuarista
