Creio que as eleições de 2012 serão as últimas com financiamento privado. Tudo caminha para que as próximas sejam por meio de financiamento público. O modelo atual se esgotou no ralo do caixa dois, pelos financiadores que exigem benesses, pelo arroubo e abuso do poder econômico, pelo desvio dos financiamentos para si, e não para as suas campanhas. O modelo privado leva para a gestão pública a gênese do financiamento. Creio que o modelo se esgotou. As campanhas deste ano sofrem a falta de recursos, parte devido ao trabalho minucioso e probo do Ministério Público acerca das contribuições e do fluxo desses recursos pelas respectivas contabilidades oficiais. Esse órgão está correto, a transparência nas doações tem que vir durante o processo, e não depois, até mesmo para que o eleitor saiba quem está financiando quem. O financiador define o perfil da futura gestão pública. Se a lógica estiver correta, ela vale para todos os níveis. A campanha para vereador (a), por exemplo, embora parte seja subsidiada pela candidatura majoritária, há candidaturas como se fossem campanhas majoritárias. É preciso, portanto, saber quem está bancando esse volume eleitoral, a sua logística. Quem está enfiando a grana, como e de onde? Câmara de Vereadores é tão séria como o poder Executivo e o Judiciário. Precisamos de pessoas sensatas e preparadas para o exercício do poder outorgado pelo povo, assim como aqueles exercidos por indicação ou por meio de concurso público. Creio que isso vale, sobretudo, para os Vices. Vice não é amuleto, acompanhante de luxo ou dispensável. Ao contrário, é fundamental durante a campanha e, ao ganhar, no governar. Quem pensa que vice é decorativo, equivoca-se. Incorre-se no mesmo erro de pensar que financiamento privado desonera a administração pública dos favores, porque, depois das eleições, eles se divorciam. Ninguém fica impune ao escolher, equivocadamente, o seu ou a sua vice. Às vezes a/o esconde, acreditando que o astro é o titular. Ledo engano. Quem faz campanha assim atrai a cólera dos simpatizantes da vice ou inicia a construção da discórdia de um provável governo futuro. Desconsiderar isso é amadorismo. Já tivemos candidaturas soterradas por causa do vice, governos conflituosos por causa do vice, renúncia por causa do vice. Então, esse posto não é tão desnecessário assim, pois, se fosse, ele não existiria. Vice nunca acabará, mas não posso pensar o mesmo em relação ao financiamento privado das campanhas públicas. Creio que caminhamos para o fim entrando na era das campanhas públicas. Assim, como deixaremos de pensar o Poder Legislativo como sendo apêndice ou de relevância ignorada. O Poder Legislativo é o perfil da sociedade. Tudo o que há na sociedade é ponderável que exista no poder representativo. Portanto, cuidado. Procure eleger quem o represente e não quem o envergonhe.
(*) Professor