As narrativas do Gênesis, através de símbolos e mitos, nos mostram que o homem não é perfeito. Ele carrega dentro de si instintos egoístas. Por isso, elas nos mostram as figuras de Adão e Eva agindo impropriamente contra os planos de Deus. Vemos Caim matando seu irmão Abel e outros crimes. São mitos, mas transmitem uma verdade. Era o estilo da época.
No Novo Testamento encontramos a mesma realidade da fraqueza humana. Mostra-nos que o homem é capaz de mentir, de trair, de renegar a própria vocação. Vemos a figura de Pedro, o chefe dos apóstolos, negando covardemente sua ligação com Jesus. Ainda há o pior: por dinheiro, Judas trai o Mestre e o entrega aos inimigos.
Sempre foi assim. A história da Igreja está repleta de episódios vergonhosos, abusos do poder, comportamentos indignos de pessoas da Igreja, inclusive de papas. Todos nós conhecemos a vida depravada de Alexandre VI, de Júlio II, de Leão X e outros.
O papa João XXIII afirmou que a Igreja é santa e pecadora. Se por um lado é marcada pelos erros e desmandos de alguns de seus dirigentes, por outro lado traz-nos os meios de salvação e a vida santa da maioria de seus pastores e leigos.
O que acontece é que vemos apenas o lado mau dos homens da Igreja e fechamos os olhos para o lado bom. Ao lado de alguns que procedem mal, há o exemplo de dezenas que são verdadeiros apóstolos, que vivem em função de seu rebanho, que se sacrificam na doação pelos outros, que estão sempre ao lado de seu povo. São muitos os bons. Nem sempre são lembrados. Por que não ver os exemplos de suas vidas? Por que só vemos os exemplos dos maus?
Há gente que só procura os erros de alguns e fecham os olhos ao bom comportamento de outros. Se você sabe de algum que procede mal, por que não vai conversar com ele? Fale com ele que seu rebanho tem queixas de seu comportamento. Se ele não aceitar, reúna um grupo de paroquianos, de leigos que têm significação na paróquia, procure seu superior e converse com ele sobre o comportamento daquela determinada pessoa. Digam a ele que está havendo prejuízo para a Igreja. Levem provas. É preciso que seu superior saiba de tudo e possa tomar providências.
Agora, para isso, é preciso ter coragem. E amor. Muito amor.
(*) Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro