Observando as manifestações da população em relação à questão do fechamento dos supermercados aos domingos, mais uma vez surpreendo-me com o quanto podemos ser parciais e incapazes de compreender que toda questão tem no mínimo dois lados.
Inspirada na moeda que possui cara e coroa, fico a matutar: Em que medida nossa vida será afetada se não pudermos mais fazer compras aos domingos? Em que medida a qualidade de vida dos trabalhadores destes estabelecimentos será melhorada se puderem passar os domingos com seus familiares?
Do nosso lado, pesará a capacidade de planejamento, de não fazer das compras atividade de lazer do nosso dia de folga, mas sim uma atividade de rotina, realizada durante a semana para manter nossa casa em ordem.
Do outro lado, isso poderá significar famílias reunidas no almoço de domingo, um churrasquinho entre amigos, passeios ao clube ou simplesmente descanso no mesmo dia da maioria do simples mortais...
Minha defesa nasce da experiência em local de trabalho onde não se pode parar nunca porque a morte não espera a segunda-feira. Esta sim é urgente e sem folga... De resto, tudo pode ser ajeitado e relativizado! Lidar com questões irreversíveis nos ensina a distinguir uma coisa da outra e a escolher nossas batalhas.
Alguns podem alegar sua preocupação com visitas que chegam sem avisar. Eu indagaria: Quantas visitas assim você recebeu nos últimos tempos? Quem hoje ousa chegar para almoçar sem aviso? Que tal exercitar suas capacidades de planejamento e antecipação? Que tal não fazer visitas sem anunciá-las ou se tiver esse hábito, aprender a levar o que irá consumir?
Faço um convite aos leitores: Aprenda a hierarquizar e a relativizar seus problemas. Não gaste sua energia com questões que você pode resolver com certa facilidade. Poupe-a para aquelas em que pouco ou nada poderá
fazer para resolvê-las. Saia pela porta do lado como diz Dráuzio Varela.
Aprenda a olhar os vários lados de uma situação. Nesse caso específico dos supermercados, o outro lado também tem dois lados: o dos patrões e o dos trabalhadores.
E para concluir: Se você tivesse outras opções se candidataria hoje a uma vaga que demandasse trabalhar aos domingos?