Ao longo dos anos, podemos acompanhar mudanças na vida de cidadãos, famílias, trabalho; mudanças em todos os setores da vida, inclusive em conversas corriqueiras. É verdade. Linguagem também evolui. Hoje são pouco usadas palavras e expressões antes comuns, que surgiam com a oportunidade. Os longevos, como eu, com certeza, as terão empregado.
Dei-me conta disso ao ver uma senhora perguntar a uma garota como estava o broto. A menina ficou embasbacada. A senhora referia-se ao namorado da garota, numa gíria fora de moda... ... para a menina.
Antes, quando uma mãe corrigia o filho e alguém ponderava que era ruim bater em criança, a mãe argumentava: “Pé de galinha não mata pinto!” Em quase todas as casas, havia galinheiro, com boas poedeiras e chocadeiras, que criavam pintinhos pelo quintal. Ciscando o chão em busca de bichinhos, eventualmente a galinha pisava um filhote. Nenhum morreu com isso. Hoje, com a lei da palmada, a coisa se complica para pais que machucam seus filhos. Mudança de tempos. Quem é vivo, que se adapte.
Quando acontecia de um negócio naufragar, dizia-se que o dono “deu com os burros n’água!”. A expressão surgiu no Brasil colônia, quando tropeiros transportavam ouro e mercadorias das minas e do sertão para a cidade. Às vezes, algum burro carregado de valiosa mercadoria afundava-se em fortes correntezas, dando prejuízo ao tropeiro.
Hoje, chuva forte é pancada de chuva. Antes, era manga d’água. Há anos não ouço essa expressão, embora tenhamos chuvas tão fortes, que mais parecem um toró... ...ou dilúvio.
Vivi até agora para acompanhar palavras e expressões que se tornaram arcaísmos. Elas morreram, de fato. Mas antes elas do que eu. Assim, sinto verdadeiro prazer em recordar essas palavras e expressões, que me surgem às vezes quase que como insight, pois “o que é de gosto é regalo da vida!”