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Resgate do Culto

Tenho visto o empenho do meu especial amigo e confrade Padre Prata ao tentar o resgate do nosso Culto da Saudade, instituído em Uberaba

João Eurípedes Sabino
forumarticulistas@hotmail.com
Publicado em 03/08/2018 às 10:18Atualizado em 20/12/2022 às 13:07
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Tenho visto o empenho do meu especial amigo e confrade Padre Prata ao tentar o resgate do nosso Culto da Saudade, instituído em Uberaba como experiência pioneira nos anos trinta. Tudo nasceu de um pensamento de bem, nutrido por pessoas altruístas. Eles vislumbraram o meio ideal para direcionar os gastos desnecessários nos velórios, diga-se com coroas de flores, paramentos, indumentárias, etc. A câmara ardente tinha na sua entrada um livro onde os visitantes o assinavam, doando quantias em dinheiro. A materialização da ideia ocorreu no seio da funerária criada e bem gerida pelo patriarca Francisco Pagliaro.

Lembro-me que a imprensa divulgava as destinações dos valores arrecadados às instituições filantrópicas de Uberaba. Muitas delas não tiveram suas alimentações suspensas aos carentes, energia elétrica ou telefones cortados, despejos e até a rejeição involuntária de internos devido à existência do nosso Culto da Saudade. Ele salvou muita gente e, nos tempos atuais, seria “mãe” para as nossas creches.

As pessoas, num gesto de carinho, porém inconsciente, cultuam a matéria no momento mais impróprio. Compareci a um velório de uma pessoa afortunada e simples, no qual captei, pela minha sensibilidade, a sua “discordância” com o belíssimo cenário à cabeceira. Mais de quarenta coroas de flores! Estavam ali alguns milhares de reais que, no outro dia, viraram lixo, conforme constatei. O falecido era caridoso e certamente faria muitas pessoas sofridas sorrir com aquele desperdício.

Procuro rever constantemente o meu conceito sobre a caridade. Não poderia deixar de mencionar um ensinamento que pesquisei recentemente nos tratados de Logosofia, ciência do afeto que tenho estudado nos últimos trinta e cinco anos: “...onde se vê que alguém lhes dá algo que não tenham, vejam nisto um gesto de Deus”. Sabendo que o(a) falecido(a) nada mais almeja do mundo material, é sensato concluir que a ostentação a ele dirigida não é um “gesto de Deus”, e sim conveniência do homem. Defendo, entretanto, toda a atividade do trabalho.

Um conselho probo, ONG ou fundação fariam um belo papel resgatando o nosso Culto da Saudade. Ele não pode ficar na saudade...

(*) presidente do Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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