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Retorno social da Caixa Econômica

Quando entro na Caixa Econômica Federal, encontro ali vários amigos

Gilberto Caixeta
gilcaixeta@terra.com.br
Publicado em 06/03/2012 às 19:47Atualizado em 17/12/2022 às 08:46
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Quando entro na Caixa Econômica Federal, encontro ali vários amigos. Mas ali no térreo estão dois guerreiros a nos atender. De um lado, o Serjão – o mais educado dos homens que já conheci –, com aquela sua voz pausada a orientar jovens e anciãos. A atender homens e mulheres sem deixar se entregar ao estresse que é atender gente. Se vacilarmos no humor, somos entregues às trevas. Ainda de sobra, ele atende o telefone e repete a mesma cantilena a todos que o procuram. Sérgio é emérito professor e creio que a Caixa Econômica Federal se orgulha em tê-lo em seu quadro de colaboradores. Ao lado, ainda no térreo, fica o Paulo Roberto, de cútis carregada em melanina, fiapos brancos espalhados pelo rosto, de bigode preto. Um mindinho de estatura, mas gigante no caráter. Nenhum artista imaginou uma estética igual à dele, somente o Criador. Paulinho atende quem precisa acessar o FGTS, com a sua costumeira atenção. Faz e refaz as conferências dos dados pessoais e das empresas, até liberar o trabalhador a sacar o que é de seu direito. É outro patrimônio da empresa estatal. Ele dá a ela a competência necessária para estar no mercado. A Caixa Econômica Federal centraliza todos os programas sociais do governo federal. Todos os benefícios aos cidadãos são depositados ali. Enfim, é uma grande empresa bancária que, paradoxalmente, não tem sabido valorizar os seus colaboradores e, ainda, penaliza os seus clientes. A qualquer momento do dia, ali é um enxame de gente a passar pela porta eletrônica, dirigindo-se aos mais variados locais do estabelecimento. Ali é um formigueiro a reivindicar benefícios, recebendo, sacando, depositando... Em contrapartida, a Caixa não aumenta o seu contingente de atendimento. Prefere penalizar os seus funcionários a investir em novas contratações. Os seus equipamentos eletrônicos são ultrapassados, velhos e obsoletos, mas mesmo assim a Caixa os mantém, para o desespero de quem precisa de seus serviços. A história da Caixa Econômica Federal é centenária, e é marcada, também, pelos depósitos das economias dos escravos, que buscavam a compra de sua alforria. Pelos penhores de brinquedos das crianças, quando o pai requeria algum empréstimo, e mesmo assim, com toda essa pecha social, ela não cede no quesito social. No bem atender. Veja o recurso que é depositado no FGTS e valor dos empréstimos concedidos aos trabalhadores. Os depósitos no FGTS rendem praticamente nada enquanto os empréstimos dão retornos fabulosos à empresa Caixa. Talvez o perfil exploratório ainda grita mais alto, ensurdecendo-a para a qualidade de vida de seus trabalhadores e ao bom atendimento ao cliente.

(*) Professor

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