Não há palavras que expressem o lamento
Não há palavras que expressem o lamento que há ao acompanhar mortes e mais mortes sendo acumuladas ao longo da semana em nossa cidade, no nosso Estado, no país. Mas em Uberaba se avoluma o número de pessoas assaltadas seguidas de execução. Sempre há um corpo estendido e uma família a conviver com o sofrimento, cuja lembrança é inapagável, seguida de dor. A violência é crescente sem que ações efetivas sejam tomadas. Não podemos desconsiderar as reflexões dos órgãos competentes e responsáveis pela punição e julgamento daqueles que não têm o menor senso moral com a vida do outro. As reações, quando não penalizam os militares, como se eles fossem omissos no exercício de seu dever, acusam-nos de ações que extrapolam ao Estado democrático, como se lidar com bandidos fosse como cuidar de crianças em parque de diversão. As leis, às vezes, aparentam-nos de pouca eficácia diante do avolumar das ações de bandidos. Optamos por um Estado de acolhimento social sem que tivéssemos constituído os instrumentos necessários para acolher e encaminhar os infratores; apoderamos do pensamento falacioso que o bandido é filho do sistema, responsável pela sua deformação. Nunca estão neles os males, e sim no sistema. O Estatuto da Criança e do Adolescente tem sido eficaz no combate à exploração de menores, mas não consegue estancar a violência quando praticada por eles. A cada dia, jovens são reincidentes no mundo do crime. Os defensores dos direitos humanos abandonaram as barricadas em defesa da inclusão e da valorização do ser humano para assumir um discurso que confunde defesa social com defesa de bandidos. Não conseguimos avançar no debate da redução da maioridade penal porque não sabemos diferenciar e distinguir o que se debate. Tudo está enovelado entre razão e paixão, enquanto a sociedade se afoga em sangue. O que se pode perceber é que a redução da maioridade penal, às vezes, mistura-se com o sistema prisional, parecendo ineficaz, porque não cumpre com o seu objetivo de reintegrar o preso à sociedade e de não torná-lo reincidente. Qualquer irresponsável posta uma mensagem de suspeição sobre alguém e já é o bastante para linchamentos e atitudes desumanas. E o que mais assusta é o fato de que esses atos inaceitáveis são cada vez mais aceitos na nossa sociedade. As autoridades que se reúnem sabem dos problemas e de seus gargalos, mas as suas sugestões não repercutem, sem falar quando são desfocadas. Nosso país caminha para o caos social. Os movimentos sociais reivindicatórios não conseguem avançar porque os ativistas da violência, bandidos e arruaceiros infiltram-se refluindo os movimentos espontâneos. Tudo são críticas, nada são avanços.