Recentemente, no Aeroporto Internacional de Viracopos em Campinas
Recentemente, no Aeroporto Internacional de Viracopos em Campinas, a poucos metros de mim havia uma roda de prosa composta por comandantes de grandes aeronaves. No peito um belo brevê, nos ombros quatro galões a indicarem que ali estava a nata da aviação comercial brasileira.
Por estarem bem próximos de mim, percebi logo qual era o tema da conversa entre eles. Falavam sobre a série de aviões abatidos na zona de conflito entre a Rússia e Ucrânia. Dava para se perceber que os seletos pilotos estavam deveras tensos e preocupados com a derrubada de aviões naquela área. “Qualquer dia será um de nós”, ouvi de um deles.
Ao mencionarem os aviões abatidos, os homens do ar, embora sendo supertreinados, deixavam transparecer que também têm medo e são vulneráveis como qualquer pessoa. “A coragem é o antídoto que, se não o tivermos, temos que fabricá-lo!”, disse um dos comandantes, olhando para mim buscando a minha aprovação. Naquele instante recordei dos comandantes uberabenses de jatos comerciais, desejando-lhes sempre céu de brigadeir Duarte Dirceu de Castro, José Walter Pinho Vinagre, Roberto Cristino Gaspar de Oliveira, Victor de Moraes Dib, além de meu primo Pablo Euler Ferreira e o sobrinho Thiago Aguiar Sabino. São alguns dos pilotos que se arriscam nas alturas, enquanto seus familiares, confiantes em Deus, vivem pesadelos constantes aqui na terra.
O noticiário continua registrando a derrubada e o desaparecimento de aviões. O que nos causa espécie é o fato de se usar potentes equipamentos bélicos com manifesta desigualdade de forças. Civis indefesos são mortos na terra e no ar sem que o mundo interfira. Têm razão aqueles tensos comandantes, quando o mais velho deles disse em voz alta: “Alguém precisa fazer alguma coisa!”. Concordei com ele novamente.
Comandantes de: aviões, espaçonaves, navios, barcos, ônibus, metrôs ou trens carregam consigo algo comum que é o estigma de estar o tempo todo na alça de mira do infortúnio. Quanto mais evolui a tecnologia, mais os riscos a desafiam. O desaparecimento do jato da empresa Malaysia Airlines no dia 08/03/2014, sem deixar sinais e vestígios, comprova isso. O mundo se rende a esse sumiço inexplicável!
Saint Exupéry (piloto francês na 2ª Guerra Mundial) foi abatido e Piragibe Fleury Curado (uberabense e 1º comandante da Base Aérea de Anápolis) desapareceu no Chile comandando um avião. Ambos estavam em missões especiais. A paz há de prevalecer entre Rússia, Ucrânia e na Faixa de Gaza. Não quero ver outra roda de comandantes falando sobre a derrubada e o sumiço de aviões. Espero revê-los, sim, numa boa roda de prosa.