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Romaria

Romeiro de fé não deixa romeiro para trás; caminham juntos

Gilberto Caixeta
gilcaixeta@terra.com.br
Publicado em 12/08/2014 às 20:29Atualizado em 17/12/2022 às 09:50
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Romeiro de fé não deixa romeiro para trás; caminham juntos, não é solitário. Ao se distanciar dos demais, recebe apoio. Entre romeiros há o estender de mãos, o incentivo a quem fraqueja com os músculos. Romeiros cantam, oram, meditam, ultrapassam limites da dor física, chegam à exaustão e são amparados na fé.  Romeiro não desanima, recomeça. Romeiros sabem de sua fé; vereda pela qual conhecem o Bem Supremo; a Verdade que é a Sabedoria. Romeiro não faz da fé a clausura pessoal, não se exila de si, não se emigra do outro. Substitui as palavras belas pelo agir correto, faz da confissão o reparar moral, e da oração, o negar mercantil. Romeiro acredita na revelação, na remissão dos pecados, na vida eterna... Em Uberaba, na Romaria do Paizinho, não há diferenças sociais. Se há é de idade, que nada vale no cansaço, onde a agilidade juvenil escoa-se para a experiência adulta, e, se acalma na mansidão da perseverança idosa. Ser Romeiro Paizinho é ser solidário, irmão companheiro, é substituir a flagelação carnal, tentativa física de expulsar o próprio demônio, pela suavidade do compartilhar, do conviver, do amparar. Ser Romeiro é desenclausurar o espírito das mesmices rotineiras, do quotidiano e permitir a liberdade na fé. Ser Romeiro é se permitir a ter os pés sujos, alimentar-se em oração, dormir em colchões jogados ao chão entre irmãos estranhos, com a tranquilidade da certeza de que não será abandonado no pôr ou no nascer do sol. Ser Romeiro é estar em sintonia com as falanges celestiais é se permitir a ter um relacionamento consigo, conhecer-se, buscar no intimo a essência da promessa. Ser Romeiro é ratificar a devoção, é confirmar a gênese divina da existia. É confessar a natureza humana. É entender que há algo em nós que é eterno em nossa finitude. Ser Romeiro Paizinho é caminhar à noite, é sentir o sol nascer. É caminhar na escuridão, no silêncio da madrugada e renascer ao raiar do sol. Ser Romeiro Paizinho é está em missa, é avistar a Romaria ao amanhecer e cantar, cantar, cantar..., num cântico que nunca existira. Ser Romeiro Paizinho é subir as escadarias da Igreja, seja apoiado, ou de joelhos, ou de pé. É ter os olhos encharcados de lágrimas e vir a Santa e dialogar em coração. Ser Romeiro é contemplar corpo e espírito, separadamente, juntos. É ser Paizinho, é ser abadiense, uberabense. É ser devoto de Nossa Senhora da Abadia, é ser espiritualista, é ser amigo, é ter amigos e renová-los na fé. É ver a tradição perdurada na ação. O Romeiro é também um franciscano, acompanhado da simplicidade de Santo Antônio e de São Sebastião, que cedem o patronato de Uberaba a Nossa Senhora da Abadia. Que o Seu manto nos proteja, e, nos transforme em obreiros da fé, porque somos grãos. 

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