Todo ano, após a Festa de Pentecostes, a Igreja celebra a solenidade da Trindade Santa, dando destaque para o Pai, no compromisso Criador, o Filho, na dimensão de Salvador e o Espírito Santo, como Guia e Santificador. É uma forma de ver na vida de Jesus a dimensão de sua relação com o Pai e com as pessoas humanas como presença viva do Espírito Santo, que cria relações.
A vida pública de Jesus de Nazaré, o seu comprometimento com as necessidades do povo, principalmente com os mais pobres e necessitados, revela um Deus próximo dos humanos. Ele faz acontecer a vida comunitária como reflexo da intimidade das três Pessoas da Santíssima Trindade. É por isso que Ele diz que o maior mandamento é a prática do amor fraterno, humano e divino.
O sentido profundo da vida humana está na capacidade de dar e receber amor. “Deus é amor” no dizer de São João (1 Jo 4,16). Nessas expressões da Escritura Sagrada está a fonte pura da vida comunitária, do relacionamento cristão entre as pessoas. A família precisa vivenciar essa realidade, onde o amor consegue superar todo tipo de conflito, de egoísmo e de falta de partilha comunitária.
No batismo a pessoa entra na comunidade dos filhos de Deus e participa da vida trinitária. Recebe um nome que a identifica como cristã e envolvida na intimidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Jesus revela essa realidade de forma misteriosa, mas muito concreta na sua própria vida. Ele faz comunidade com aqueles que assumem os seus ensinamentos e o seguem como princípio de vida.
Na Santíssima Trindade está presente o Deus da Aliança, não mais como no Antigo Testamento, mas na figura de Jesus Cristo ressuscitado e presente na vida das comunidades cristãs. Jesus é a Aliança, unindo o céu e a terra como uma “ponte” que permite chegar à eternidade. Nele está o Pai e o Espírito Santo formando uma autêntica e verdadeira família divina, modelo para as famílias hoje.
Diante dessa realidade, o ser humano precisa abrir seu coração, sua mente e deixar-se guiar nos rumos da vida divina. Pela oração criamos proximidade com Deus, mas isso tem reflexo profundo no relacionamento comunitário, na prática da justiça, da honestidade e da fraternidade. Nenhuma sociedade é perfeita, mas pode fazer um caminho que reflete a vida da Trindade Santa.
(*) Arcebispo de Uberaba