Mamãe eu estou voltando / Não posso ficar aqui / Saudade está me matando / Desde o dia que parti...
“Mamãe eu estou voltando / Não posso ficar aqui / Saudade está me matando / Desde o dia que parti...”
Tião do Carro com esta trova e Sérgio Bitencourt faland - “Eu não sabia que doía tanto / Uma mesa num canto / Uma sala e um jardim...”, de fato mostraram o que a saudade é capaz de causar em quem a hospeda.
O caboclo com sua sabedoria, define bem a saudade: “Sodade sô, é a vontade de vê de novo.”
Mário Palmério em duas palavras enfeixa o assunt “Saudade é solidão; melancolia...”
Cada um dos citados, à sua maneira define o que a distância e o tempo, caminhando juntos, podem provocar no ser quando cumprem nele os ditames da Lei de Separação. É longa a distância, muito é o tempo, maior ainda será a “fundura” que chamamos de saudade.
Interessante é a duração da saudade. Ela não acaba; nós é que acostumamos com os seus inúmeros calos.
“Saudade palavra rica / Que martiriza e fica / Dentro de um coração...” ou de outro jeit “Saudade palavra triste quando se perde um grande amor...” Assim entoam os cancioneiros seus versos para dizer que saudade e tristeza podem ser irmãs.
O e-mail, o fax, o telefonema, ou a carta têm suas vezes, mas o olho no olho é insuperável. No tradicional, no moderno ou no irreverente, a saudade tem seus paradoxos: ela faz o coração bater e apanhar ao mesmo tempo.
Não indo tão longe para poupar de amarguras quem lê este texto, focarei um só ângulo do assunto com o intuito de me fazer melhor entender: A cama vazia do filho ou da filha; uma foto sua; o quarto sempre arrumado pela falta do “hóspede” que ali morou e demora tanto a voltar provocam a dor. Digo isso de cadeira... Ter o(a) filho(a) a uma ou centenas de quilômetros e mais ainda, do outro lado da terra, tudo é a mesma coisa.
Já não tenho a mesma autoridade para dizer da dor causada pela ausência de um(a) filho(a), quando a sua ida não tem volta. Aí sim, sente-se a essência desmedida da saudade carcomendo.
Por motivos que não sei, os vocábulos coração e saudade têm ambos sete letras. Coincidência ou não, eles se completam e ela, a saudade, ao nascer tem a sua morada garantida: o coração de alguém.
Saudade; êta saudade...
(*) presidente do Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região; membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro