ARTICULISTAS

Saudade do Uberaba Country Clube

Vera Lúcia Dias
veludi@terra.com.br
Publicado em 28/03/2011 às 10:39Atualizado em 20/12/2022 às 01:00
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Tenho acompanhado com tristeza o desenrolar dos fatos em relação ao Uberaba Country Clube porque ele ocupa um lugar especial em minhas memórias. Falar nesse clube significa, para mim, lembrar de domingos ensolarados em local muito aprazível e extremamente democrático.

Lá não havia preconceito ou discriminação. Ao contrário de outros clubes locais, o dinheiro das contribuições mensais dos sócios não estava condicionado a cor ou etnia. Lá era permitido levar a cervejinha e o lanche de casa sem constrangimentos.

A situação econômica e social que se vivia do lado de fora, desaparecia da portaria para dentro. Ser “doutor”, empresário, mecânico ou pedreiro, pouco importava no dia-a-dia daquele espaço de recreação. Alguns reclamavam da existência de panelinhas, mas isso era o exercício do direito de nos associarmos por afinidade e não política do clube.

Alguns hão de pensar que “a mistura provocava uma bagunça danada”. A eles, afirmo que não era. Havia regras claras. A afiliação era aprovada após análise da ficha do candidato. O Estatuto era entregue em mãos aos novos associados contendo regras claras de convivência e utilização do espaço e as punições, se necessário, eram aplicadas com suspensões e até exclusões.

Quando comparo as transformações sociais ocorridas nos últimos trinta anos, vejo que elas atingiram em cheio as formas de lazer tradicionais.

Onde estão as enormes salas de cinema do centro das cidades? Estão transformadas em templos religiosos e nós, os seus frequentadores, assistimos  aos nossos filmes em casa ou nas salas dos Shoppings.

Os clubes não resistiram às mudanças de hábitos. Os filhos cresceram e montaram sua estrutura de lazer. Hoje, com mais facilidade que ontem, temos a nossa “casa com piscina”. Os clubes tornaram-se espaços menos coletivos e mais particulares nas chácaras e ranchos próprios ou alugados.

Nossa cidade tornou-se o paraíso das festas que acontecem o ano inteiro para quem tem dinheiro. Pena que algumas delas sejam em detrimento dos bons costumes ou de uma vida escolar que poderia ser mais bem aproveitada.

Alguns clubes têm conseguido sobreviver em meio às mudanças e eu gostaria de ser socióloga para analisar a questão com propriedade. Não o sendo, arrisco-me a afirmar que o Country é símbolo da decadência dessa modalidade de lazer e da qual minha geração desfrutou com muita alegria.

Fica aqui expressa a minha gratidão aos bons momentos que vivi com vistas para o “mar de Minas” que é o nosso Rio Grande...

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