Apesar de ser obrigatória a apresentação de atestado médico nas academias de práticas físicas e esportivas e avaliação de condicionamento físico do aluno no próprio estabelecimento, poucas seguem esta determinação. E esta situação pode colocar em risco os esportistas que não têm conhecimento de possíveis problemas de saúde. Pesquisa feita pela reportagem do Jornal da Manhã indica que de dez academias em Uberaba, apenas uma está totalmente regular no que diz respeito a estas exigências. Outra, requisita o atestado apenas para pessoas acima de 50 anos ou a quem tem conhecimento de algum problema cardíaco. Duas fazem a avaliação apenas mediante entrevista e o restante não faz nenhuma exigência de quem quer ingressar na atividade. Há oito anos, Maria de Lourdes Barbosa Neves frequenta as academias de ginástica. Aos 44 anos e, segundo ela, no auge das energias, a empregada doméstica diz que só consegue manter a disposição e o bom humor diários, com os exercícios que faz todos os dias. Lourdes pratica aeróbica localizada, três vezes por semana e alterna o resto da semana com musculação pesada. Sem a devida avaliação médica, o exagero nos exercícios físicos é um risco à saúde dela, e de muitos outros praticantes que também não passam por esse trabalho. Maria de Lourdes é uma aficionada em musculação e por estar acostumada, chega a puxar 320 quilos em um dos equipamentos e 120 em outro, apenas para fazer agachamento. “Têm uns equipamentos que atingem somente 100 quilos, então eu coloco algumas anilhas, ou seja, mais pesos, por conta própria, para aumentar a carga”, completa. É neste ponto que os riscos crescem. “Quando comecei fiz apenas exame de coração, mas procurei por conta própria para ficar mais segura. Na academia, ninguém me pediu, fiz apenas uma avaliação para saber quanto vinha perdendo de gordura e o que ganhava de massa muscular; tiraram minhas medidas, me perguntaram onde eu queria perder gordura e quantos quilos. Mediram a pressão arterial também, mas foi só”, conta Maria de Lourdes. “Fui ao médico examinar os ossos, e ele receitou cálcio e pediu que eu moderasse um pouco nos exercícios, mas como a gente vai ganhando resistência e não sinte nada, acho que não tem problema”, afirma. Exigência. Para o diretor da Vigilância em Saúde de Uberaba, Djalma Bessa Ferreira, não só é obrigatória a apresentação de atestado médico confirmando a disponibilidade clínica para a prática da atividade, como é necessária a permanência de um profissional de saúde durante todo o tempo em que a academia estiver em funcionamento. “É importante que o estabelecimento solicite a avaliação completa ou que ela seja feita dentro da academia, pois é o que resguarda a qualidade de vida e a saúde do usuário”. Segundo Ferreira, existem normas que regulamentam academias e clubes sobre o assunto. “A população tem que saber que o alvará sanitário é o documento que autoriza o funcionamento correto. Por isso, é importante que a pessoa se certifique da existência de departamento de avaliação física e procure saber se os profissionais são devidamente capacitados e atualizados para se responsabilizarem pela atividade”, conclui. As adequações necessárias estão presentes na Lei Estadual 13.317 de 1999, que regulamenta o Código de Saúde do Estado de Minas Gerais.