ALTAS HABILIDADES

Autismo e superdotação: como a neuropsicanálise pode ajudar a entender mentes complexas

Condição conhecida como “dupla excepcionalidade” desafia diagnósticos tradicionais e exige abordagens integradas. Novo estudo publicado na revista ID Internacional defende a neuropsicanálise como ferramenta clínica eficaz

Publicado em 18/07/2025 às 09:12
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Quando altas habilidades cognitivas coexistem com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), surgem desafios únicos, pois essa combinação, chamada de “dupla excepcionalidade” é bastante complexa.

Para entender esse perfil neuropsicológico, pesquisadores têm buscado abordagens que integrem o funcionamento cerebral às experiências desses indivíduos. Um exemplo é a neuropsicanálise, uma área interdisciplinar que une os achados das neurociências à escuta e às estruturas teóricas da psicanálise.

Esse é o foco de um novo estudo científico publicado na revista ID Internacional, pelo Pós PhD em neurociências, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, pelo veterinário e especialista em neurociências Flávio Nunes, e pelo físico e mestrando em psicologia Adriel Silva. O artigo, “Neuropsicanálise e a Dupla Excepcionalidade: Contribuições para Indivíduos com Autismo e Superdotação”, propõe uma nova forma de olhar para esses casos.

Diagnóstico complexo
Pessoas com dupla excepcionalidade, ou seja, que têm ao mesmo tempo traços do espectro autista e superdotação intelectual, desafiam classificações simples.

Muitas vezes, um aspecto pode mascarar o outro, a inteligência elevada pode esconder dificuldades de socialização ou comunicação, enquanto os comportamentos autistas podem obscurecer o reconhecimento das habilidades cognitivas avançadas.

“É fundamental que os profissionais deixem de pensar apenas em categorias isoladas e passem a considerar o indivíduo em sua totalidade. O mesmo cérebro que processa conceitos complexos com facilidade pode, ao mesmo tempo, ser altamente sensível a estímulos e emocionalmente sobrecarregado”, afirma o pesquisador Flávio Nunes.

Por que a neuropsicanálise?
O estudo defende que a neuropsicanálise é capaz de oferecer um modelo mais completo e eficaz de compreensão, ao integrar a estrutura biológica do cérebro com os conteúdos inconscientes da mente, essa abordagem ajuda a revelar não apenas como esses indivíduos funcionam, mas como vivenciam suas características únicas.

“Não se trata apenas de um cérebro diferente, mas de um sujeito que encontra formas muito particulares de lidar com o mundo”, explica o estudo.

Caminhos para uma nova prática clínica
O artigo sugere que, ao integrar conhecimentos da neurobiologia com ferramentas da psicanálise, é possível construir intervenções mais eficazes e personalizadas.

Em vez de rotular o indivíduo com diagnósticos isolados, o foco passa a ser o entendimento de como suas habilidades e desafios interagem e como isso se expressa na vida emocional, social e educacional.

O estudo reforça que a dupla excepcionalidade não é apenas a soma de duas condições, mas a criação de um perfil único, que exige sensibilidade, ciência e escuta ativa.

“A neuropsicanálise propõe esse diálogo entre cérebro e mente, oferece uma lente poderosa para que esses indivíduos sejam não apenas compreendidos, mas também respeitados em sua particularidade”, explica Flávio Nunes.

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