Mastologista Cléber Sérgio falou com exclusividade ao Jornal da Manhã (Foto/Arquivo Pessoal)
Considerado o mais incidente entre as mulheres ao redor do globo, o câncer de mama atingiu 73.610 brasileiras em 2022. No Brasil, a doença ocupa o segundo maior número de casos registrados, logo atrás do câncer de pele. As regiões Sul e Sudeste são as mais afetadas. E a previsão é que esses dados só aumentem. Conforme o mastologista Cléber Sérgio, o envelhecimento da população de forma não-saudável é indicativo de maior incidência nos próximos anos.
Segundo Cléber, o câncer é uma doença progressiva em crescimento e número de incidências. Apesar das doenças cardiovasculares ainda ocuparem a posição de mais letais no mundo, há uma expectativa de que, a partir de 2040, o câncer até assuma um papel principal na mortalidade da população geral.
“Se pegarmos, por exemplo, o câncer de mama há 20, 25 anos, eram 40 mil casos novos todo ano. A expectativa para 2023/2024 é que, a cada ano, nós tenhamos mais de 70 mil mulheres diagnosticadas com câncer de mama. São muitos fatores relacionados. Um dos fatores mais importantes é o aumento da sobrevida, porque o principal fator que justifica o surgimento de um câncer é o envelhecimento das nossas células”, afirma o especialista.
A perspectiva é que, em alguns anos, um em cada oito idosos na faixa dos 80 anos desenvolva algum tipo de câncer. No entanto, Cléber reforça: envelhecer não significa que ocorrerá o desenvolvimento do câncer. São o estilo e a qualidade de vida da população que ditam a possibilidade de desenvolver ou não a doença futuramente.
Ele esclarece ainda que “30% de todos os tumores da humanidade poderiam ser reduzidos ou não existir se tivéssemos hábitos e condições de vida saudáveis: prática esportiva, dieta adequada, horas do sono, ingestão adequada de água”.
“Hoje, o número de embutidos, de enlatados, de elementos cheios de conservantes é muito maior do que as nossas avós e do que os nossos antepassados eram expostos. E o nosso organismo é uma máquina que tem capacidade de metabolizar alimentos, mas às vezes é muito difícil para esse organismo, sendo exposto continuamente a agentes químicos, eliminar isso. Cria um processo inflamatório importante e, muitas vezes, essa exposição excessiva, com a passagem do tempo, é que vai trazer o surgimento de uma determinada doença oncológica”, esclarece.
No entanto, o mastologista ressalta que hoje o câncer de mama é uma doença altamente curável, principalmente quando feito o diagnóstico precoce. “Hoje o câncer de mama, se a gente colocar, com uso de cirurgia, diagnóstico precoce, oncologia clínica, a gente consegue aí 90%, 95% de cura, desde que diagnosticado precocemente. E mesmo para pacientes diagnosticados nas fases mais avançadas das doenças, há uma possibilidade de controle dessa doença, transformando-a, muitas vezes, em uma doença crônica, em que gente vai aumentar essa sobrevida para 15, 20 anos e, às vezes, a vida toda”, finaliza.