Os índices de acidentes de trânsito em Uberaba são alarmantes. Somente nos primeiros cinco meses de 2009 foram registrados pelos Bombeiros que mais de 60% dos acidentes ocorridos em Uberaba envolveram especificamente motociclistas. Muitos são os casos fatais envolvendo também atropelamentos. Situações estas que podem ser evitadas com reeducação de hábitos e acesso à informação, de acordo com a oftalmologista, especialista em Medicina do Tráfego, Esther Luisa Hercos Fatureto. A especialista, na área há 22 anos, participou do VIII Congresso Brasileiro sobre Acidente e Medicina do Tráfego em Belo Horizonte, neste início de mês, pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet). O congresso abordou temas como segurança veicular, pré-atendimento hospitalar, condições das vias urbanas e rodoviárias, além da dificuldade de se colocarem as leis de trânsito em prática. “A preocupação principal foi a de discutir a segurança no trânsito, pois todos fazemos parte dele, como motoristas ou pedestres”. Segundo a oftalmologista, entre os principais causadores de acidentes estão o uso de álcool antes de digirir e a desatenção. “Mas também o excesso de confiança, principalmente dos mais jovens; a falta de manutenção de veículos ou excesso, e confiança nos mesmos”. Outro problema são os hábitos ou a falta deles. “Não usar equipamentos de segurança obrigatórios como cinto de segurança em todos os passageiros; cuidados especiais com crianças e idosos; excesso de velocidade; uso de celular ao volante; falta de habilitação; desrespeito à sinalização — isso quando ela existe”. Esther Luisa destaca, ainda, que o cansaço de motoristas profissionais, o uso de medicações que atrapalham a atenção, como antialérgicos, antidepressivos e calmantes, também são problemas alarmantes, grandes causadores de acidentes. “Além disso, pedestres e ciclistas fazem parte do trânsito, mas poucos respeitam as regras vigentes”. A oftalmologista afirma que há um público específico envolvido na maioria dos acidentes. “Geralmente, são jovens espertos e inteligentes que, corajosos demais e muitas vezes inabilitados, desafiam o perigo”. Para ela, o que falta para uma redução significativa do número de acidentes, portanto, são ações de educação e fiscalização mais ostensiva. “De acordo com pesquisas, esse grupo envolve jovens de até 14 anos, que mostram-se espertos demais, mas sem noção de distância, e atravessam a rua sem atenção. Já os idosos são lentos e se sentem experientes, mas não percebem como são frágeis, deixando de obedecer seus limites físicos”.