A curto prazo, preço dos produtos para o consumidor não deve aumentar, mesmo com os temores que o novo coronavírus (COVID-19) causa no mercado. A avaliação é do economista e consultor Sérgio Martins. “Agora, a longo prazo, pode haver um desabastecimento, embora os analistas não apostem com força nisso”, pondera.
Questionado sobre como fica a relação comercial entre o Brasil e a China, o economista cita perdas de lá e de cá. A exportação de minério de ferro, por exemplo, preocupa ele. “Nosso grande comprador dessa commodity é a China. As ações da maior mineradora do país, a Vale, teve uma queda vertiginosa”, aponta, pontuando que o momento causou uma “pausa” na China.
“Até petróleo exportamos. Em geral, a China é um país que compra muito de nós, incluindo carnes e frutas, mesmo produzindo isso por lá”, complementa.
Ainda sobre as exportações, Martins explica que vender menos atinge não só o exportador, mas a cadeia produtiva por trás dele a partir da queda da aquisição de insumos.
“No entanto, com menos gente comprando, o mercado fica pressionado. Onde há pressão, abre espaço para a concorrência, o que pode refletir na competitividade do preço dos produtos”, avalia positivamente.
Quanto às importações, Martins ressalta nossa dependência das peças chinesas. “Qualquer produto eletrônico, como um televisor, mesmo que fabricado no Brasil, usa peças chinesas”, exemplifica.
Ele ainda sublinha como fica o setor automobilístico. “Montadoras de marcas tradicionais não possuem peças de reposição de modelos anteriores. Também são itens que vêm da China.” Mas, o analista ainda observa que o episódio afeta diversos países e não só o Brasil “devido à capacidade do país asiático em vender e comprar muito”.
Por fim, em relação ao mercado de ações, para Martins, “esse ainda não sabemos onde é o fundo do poço”.
Ele avalia que o nicho é mais sensível e vive de especulação. “O grande investidor sabe lidar com a crise, mas o pequeno, que é a maioria, perde muito.”