SAÚDE

Covid-19 pode sobreviver até 25 dias nos testículos, aponta pesquisa da UFMG

Publicado em 18/03/2022 às 10:29Atualizado em 18/12/2022 às 23:40
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Conforme um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ainda não revisado por pares, o Sars-Cov-2 é capaz de sobreviver por mais de 25 dias nos órgãos sexuais masculinos. A pesquisa teve como objeto de estudo 11 pacientes que morreram após contrair o vírus.

Segundo Guilherme Mattos Jardim Costa, professor do departamento de morfologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da universidade, os órgãos acabam preservando o vírus ativo já que não são atacados por células de defesa, como acontece com a zika e a caxumba.

“O que nós conseguimos ver é que o vírus encontrado nos testículos dos pacientes analisados estava ativo mesmo depois de mais de 25 dias de internação, o que difere da constatação de que o vírus deixa de ser detectado em cerca de 10 dias. A gente chama de ‘santuário viral’, já que o testículo propicia um ambiente imunossuprimido”, elucida o professor.

O estudo teve seu início na segunda onda da Covid-19 em Belo Horizonte, entre janeiro e março de 2021. Onze pacientes com idades distintas, não vacinados e que morreram de forma severa da doença, participaram da pesquisa. O vírus foi encontrado nos testículos de todos eles.

Mesmo com pequeno número de amostras, o professor Guilherme afirma que é um material muito rico e poucos pesquisadores têm acesso. “Nós fizemos análises muito acuradas o que dá uma base sólida ao estudo”, afirma.

As conclusões iniciais da pesquisa foram publicadas em fevereiro na plataforma medRxivum, servidor de distribuição e arquivo on-line gratuito para relatórios preliminares de trabalhos que ainda não foram certificados por revisão por pares e, portanto, ainda não devem orientar a prática clínica. Atualmente, o artigo passa por revisão na Revista Human Reproduction.

Morte de células

A pesquisa aponta também que o vírus provoca alterações nos testículos, como a fibrose, morte de células que dão origem aos espermatozóides e redução de até 30 vezes no nível de testosterona.

“Nós conseguimos mostrar que o vírus promove alteração vascular que mexe com uma cascata de sinalização, desenvolvendo uma resposta inflamatória muito grande e danos do tecido, em consequência da infecção viral”, falou o professor.

Próximo passo

Com os resultados obtidos com este primeiro momento de pesquisa, o professor enxerga próximos passos para ela. A sequência é que sejam analisados os efeitos da Covid-19 nos órgãos sexuais masculinos de pessoas que tenham contraído o vírus de forma moderada. 

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