Cuidado da saúde mental e a promoção da vida

Quando tratamos da temática da saúde individual e coletiva, não podemos esquecer que, assim como em toda e qualquer construção humana, somos produtos de uma herança social e histórica, ou seja, estamos inseridos em uma sociedade construída pelos fatos do passado e por aquilo que ocorre na atualidade, que interfere em nossa constituição como sujeitos. Sendo assim, há vivências que não escolhemos, pois estão postas como, por exemplo, as regras de conduta social, crises financeiras e sanitárias, valores sociais e tantos outros que nos atravessam como sujeitos, como pessoas. No campo da saúde, não podemos esquecer que derivamos de um modelo biomédico, ou seja, um olhar e prática que estiveram voltados ao longo dos tempos ao controle de doenças, e não necessariamente em sua prevenção e qualidade de vida das pessoas. 

A herança biomédica na saúde faz parte de uma evolução social. Seus impactos negativos, entretanto, na autopercepção das pessoas enquanto corpo e mente vivos, que por esta condição requerem cuidados, são inegáveis. No campo da saúde mental, esses impactos negativos são ainda mais profundos, pois, se em séculos não cuidamos do próprio corpo de modo adequado, no campo da mente ou das emoções o abismo é ainda mais profundo. Quem nunca ouviu, diante de situações críticas, sofridas, desafiadoras, os bordões “Seja forte!”; “Homem não chora!”; Levante a cabeça!”; Você não vai fraquejar agora, né?”. Essas expressões demonstram um desejo da existência de força a qualquer custo, mas o que gera essa força? As condições para ser forte estão cuidadas e são favoráveis?
Devemos estar atentos ao fato de que situações difíceis, que provocam estresse, perdas, angústias, são naturais da vida humana. Precisamos lembrar, entretanto, da necessidade de equilíbrio entre essas vivências densas, negativas e aquelas saudáveis, positivas, que produzem a sensação de bem-estar e capacidade, de contribuição com a própria vida, com a sociedade e com o mundo. Não é possível e sequer necessário estar bem o tempo todo, e para estar bem é necessário o cuidado dos fatores promotores de saúde mental. 
Vivenciamos socialmente experiências densas, a exemplo da pandemia, de crises políticas, sociais e pessoais, que demandam cuidado para a existência do equilíbrio. Criar plasticidade para lidar com aquilo que não se pode sozinho evitar, aprender a pensar de modo equilibrado e assertivo, favorecer experiências positivas e diminuir comparações com o outro são essenciais. A negação das experiências negativas e da dor, individual e coletiva, não produz crescimento e bem-estar. Pelo contrário, aquilo que se nega não deixa de existir e pode, por outro lado, inflamar-se ainda mais pelo descuido, trazendo consequências ainda mais negativas. 
Tratamos assim de um tempo de despertar, de substituir crenças automáticas, muitas vezes irracionais, pela capacidade reflexiva, de autocuidado e de cuidado uns com os outros. Sobreviver e se acostumar com estresse, ansiedade, sofrimento não é natural e, igualmente, não é benéfico. Solidão, desamparo e negligência são venenos da vida. Por isso, se você vive situações difíceis e que não consegue transformar sozinho, crie oportunidades para seu próprio cuidado. Uberaba e região contam com excelentes profissionais de saúde mental. Procure ajuda especializada de psicólogos, psiquiatras e construa, gradativamente, a melhor versão de si mesmo e da sua própria história. 
Não se esqueça de que cuidar e ser cuidado, amar e ser amado, e sonhar, são excelentes formas de se pôr no mundo. Amor, cuidado, esperança e sonho são adubos da vida, por isso, cuide-se!

Sérgio Marçal
Psicólogo Clínico
Consultor em Desenvolvimento de Pessoas e Organizações
Avenida Santos Dumont, 1.476, Sala 14, Uberaba, MG
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