Após um ano do início da vacinação contra a Covid-19 no Brasil, grande parcela da população se encontra apta a tomar a terceira dose do imunizante. De acordo com dados do Ministério da Saúde, 34 milhões de pessoas já tomaram a dose de reforço, que deve ser aplicada, preferencialmente, com o imunizante da Pfizer. Entretanto, uma parcela da população ainda tem medo de receber o reforço devido a possíveis reações adversas.
Segundo especialistas, não há o que temer. Além de seguro, o imunizante de reforço é extremamente importante para garantir a proteção contra a variante Ômicron que, com sua alta transmissibilidade, vem sendo a responsável pela maioria dos casos no país. Mas, como qualquer vacina e qualquer medicamento, o imunizante pode provocar reações adversas em algumas pessoas, algo completamente natural do sistema imunológico. Os efeitos mais comuns sã dor no local da aplicação, dor no corpo, dor de cabeça e até mesmo febre.
Conforme informa Lucas Albanaz, clínico geral e coordenador da Clínica Médica do Hospital Santa Lúcia Norte, "os eventos observados na aplicação da Pfizer são semelhantes ao das outras vacinas e da primeira e segunda dose".
Vale ressaltar que a própria bula dos imunizantes apontam quais as reações que podem ocorrer, sendo que reações comuns podem acontecer em até 48 horas após a imunização. O mesmo vale para as crianças. Caso a reação não passe após esse período, Albanaz recomenda que a pessoa procure o serviço médico.
"Caso os sintomas perdurem é importante procurar o serviço hospitalar para avaliação. Às vezes a pessoa está achando que é uma reação da vacina, mas ela já estava com um vírus incubado e está manifestando uma infecção", alerta.
Casos de reações adversas graves são raras. Quando alguma acontece, o Ministério da Saúde e a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) investigam se há alguma relação com a vacina. De acordo com a bula da Pfizer, em raríssimos casos, em torno de 0,01% a 0,1% das pessoas vacinadas, pode ocorrer paralisia facial aguda.
Além disso, alguns dados sugerem casos de miocardite, uma inflamação no tecido do coração geralmente causada por uma infecção viral, após a imunização. Esses casos estão sendo estudados para saber se há relação com o imunizante. Na bula, a farmacêutica informa que não há dados suficientes para saber qual a incidência dos casos. De acordo com a Anvisa, foram observados casos muito raros (16 casos para cada 1 milhão de vacinados) de miocardite e pericardite pós vacinação.
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), o risco de desenvolver miocardite durante a COVID-19 é vinte vezes maior do que o risco de desenvolvê-la devido à vacina.
MELHOR PREVENIR DO QUE REMEDIAR
De acordo com o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado em novembro, a chance de uma internação pela Covid-19 é 257 vezes maior do que ter uma reação grave à vacina. Segundo os dados, só foram registradas 5,1 casos de eventos adversos graves a cada 100 mil doses aplicadas, o que é apenas 0,005% das pessoas que tomaram algum dos imunizantes. Não há registro de nenhum óbito relacionado à vacina da Pfizer no Brasil.
REAÇÕES ESPERADAS SEGUNDO A BULA DA PFIZER
Reações muito comuns (em até 10% das pessoas)
- dor e inchaço no local da vacinação;
- cansaço;
- dor de cabeça;
- diarreia;
- dor muscular;
- dor nas articulações;
- calafrios;
- febre
Reações comuns (entre 1% e 10% das pessoas)
- vermelhidão no local de injeção;
- náusea e vômito
Reações incomuns (0,1% e 1% das pessoas)
- aumento dos gânglios linfáticos (ou ínguas);
- reações de hipersensibilidade [por exemplo, erupção cutânea (lesão na pele), prurido (coceira), urticária (alergia da pele com forte coceira), angioedema (inchaço das partes mais profundas da pele ou da mucosa)];
- diminuição de apetite;
- dor nos membros (braço);
- insônia, letargia (cansaço e lentidão de reações e reflexos);
- hiperidrose (suor excessivo);
- suor noturno;
- astenia (fraqueza, cansaço físico intenso);
- sensação de mal-estar e prurido no local de injeção
Reações raras (0,01% a 0,1% das pessoas)
- paralisia facial aguda
ONDE NOTIFICAR
Caso a pessoa tenha alguma reação adversa após a vacinação, ela pode notificar a Anvisa por meio de um formulário. Os profissionais de saúde também podem registrar os casos ao Ministério da Saúde por meio do e-SUS Notifica.
APTOS À DOSE DE REFORÇO
A orientação do Ministério da Saúde é que a dose de reforço seja aplicada quatro meses após a segunda dose em todos com mais de 18 anos. A preferência é que a vacina da Pfizer seja usada como terceira dose. De acordo com o Ministério da Saúde, a opção por essa vacina levou em consideração estudos que sugerem que a combinação de diferentes imunizantes na terceira dose aumenta a resposta imunológica do organismo.
Uma pesquisa feita pela Universidade de Oxford indicou que a terceira dose da Pfizer aumenta em até 175 vezes a produção de anticorpos neutralizantes, que são capazes de bloquear a entrada do vírus nas células. A Anvisa emitiu um comunicado em novembro que diz que é necessário tomar a terceira dose porque a eficácia da vacina cai com o passar dos meses.
*Com informações do Jornal Estado de Minas