No Brasil, isso significa mais de seis milhões de portadoras desse mal. No entanto, em clínicas de fertilização, o número é superior e pode chegar a 50%
Segundo a Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia, cerca de 10% a 15% das mulheres em idade reprodutiva sofrem de endo-metriose. No Brasil, isso significa mais de seis milhões de portadoras desse mal. No entanto, em clínicas de fertilização, o número é superior e pode chegar a 50%. Isso porque a endometriose é hoje a principal causa da infertilidade feminina.
A ginecologista e especialista em reprodução humana Soraya Vecci Mohallem explica que a doença afeta mulheres durante a idade reprodutiva, geralmente com diagnóstico entre os 25 e 30 anos. “A maioria das mulheres não apresenta sintomas. Entre aquelas com sintomas, a dor pélvica intensa é mais comum durante o período menstrual, melhorando após a menstruação. Algumas mulheres têm dor durante a relação sexual, durante a evacuação ou ardor e sangue na urina. A intensidade pode variar e algumas pacientes têm piora progressiva dos sintomas, enquanto outras podem melhorar espontaneamente, sem realizar tratamento”.
De acordo com Soraya, o exame de toque ginecológico pode revelar dor ou desconforto pélvico e, eventualmente, o espessamento do útero. Mas exames de imagem como a ultassonografia e a ressonância nuclear magnética podem ser úteis. “A videolaparoscopia é o melhor método diagnóstico. A laparoscopia é realizada insuflando-se dióxido de carbono no abdome, através de uma pequena incisão na cicatriz umbilical. Um instrumento fino e longo é inserido para visualizar o abdome e a pelve. Dessa forma, as alterações podem ser diretamente iden-tificadas. Durante o procedimento, amostras de tecido para exame microscópico podem ser retiradas para facilitar o diagnóstico”.
Tratamento. A endome-triose pode ser tratada com o uso de medicamentos e ou cirurgia. “Os principais objetivos são o alívio da dor e o tratamento da infertilidade. Inicia-se com o diagnóstico, onde já são cauterizados os focos de endometriose, os cistos quando presentes e de aderências. Posteriormente, o tratamento passa a ser clínico, com o uso de medicamentos que podem ir desde anticoncepcionais até outros tipos de hormônios, dependendo da extensão da endometriose, sintomas e tolerância da paciente ao tratamento”, explica Soraya.
Ela afirma que são raros os efeitos colaterais.
É comum a endometriose voltar a se desenvolver. Por isso, a ginecologista destaca que é importante pacientes que não querem engravidar ficar sem menstruar, o que evita assim uma possível reincidência da doença. “Nas pacientes que desejam engravidar, é importante um tratamento médico especializado para que a paciente engravide o quanto antes e, posteriormente ao parto, possa voltar ao tratamento”, conclui.