O ato de contar mentiras pode virar uma patologia. Quando contadas compulsivamente e sem avaliação das consequências, o ato de criar histórias falsas ou exageradas demais pode se transformar na chamada mitomania ou doença da mentira.
O diagnóstico da doença da mentira não é fácil, requer tempo e, muitas vezes, ajuda de um psiquiatra ou psicólogo. Geralmente ela é percebida por pessoas que convivem com o mentiroso patológico que não conseguem confirmar as histórias ou que ao confrontar o autor da história recebem uma nova versão.
Uma garota de 15 anos está sendo acompanhada por psicólogo e a mãe dela conta que se sente envergonhada por não saber lidar com o problema. “Ela é impossível e nega a mentira mesmo quando é pega no pulo. Não tem um dia que minha filha não minta. Na maioria das vezes é quando ela faz algo errado e me preocupa o fato dela não se importar em envolver pessoas na trama”, afirma a mulher de 50 anos, que preferiu ser identificada.
“Quando usamos a mentira para obter algum tipo de vantagem, mesmo que seja pequena, comprometemos a situação de bom convívio interpessoal e podemos entrar em uma linha delicada de distúrbios e transtornos de personalidade”, afirma Alfredo Maluf, médico psiquiatra do Hospital Israelita Albert Einstein.
De acordo com o especialista do Einstein, vários fatores psicológicos (personalidade) e ambientais podem contribuir para o desenvolvimento da doença. “A mitomania pode ser, também, associada a sintomas de várias patologias, como por exemplo transtorno de personalidade, bipolaridade e sociopatia”.
Por ainda não ser uma doença de diagnóstico definido e por ser sintoma de doenças psiquiátricas, o tratamento começa com a investigação da identificação das outras patologias associadas e os cuidados com o paciente podem variar da psicoterapia (terapia com finalidade de cuidar de problemas psicológicos como ansiedade e depressão) à psiquiatria clínica.
*Com informações Revista Galileu