Galinhas e suínos foram suspensos de feiras livres este ano (Foto/Ilustrativa)
Com notificações de influenza aviária A (H5N1) em países vizinhos como Uruguai, Argentina, Colômbia, Equador, Venezuela, Peru e Chile, o Brasil está em total alerta sobre risco da doença.
Especialista em doenças infectocontagiosas dos animais domésticos, Pollyana Mafra Soares é doutora em Medicina Veterinária Preventiva e explica que o grande risco é a doença adentrar o Brasil por meio de aves migratórias. “A doença é exótica no Brasil e, como nunca existiu, os animais aqui são altamente suscetíveis à doença. Em alguns países, a doença entrou por aves migratórias, que podem contaminar aves caipiras, sendo animais sem nenhum tipo de controle sanitário. Em relação às aves migratórias, o grande risco é que elas podem ser portadoras assintomáticas do vírus”, explica Pollyana.
Em casos de criação comercial, a influenza aviária pode dizimar plantéis em pouco tempo, causando prejuízos econômicos aos avicultores. “Em alguns países foram relatados casos em criações intensivas, a doença em uma criação intensiva, dissemina de forma muito rápida”, destaca a especialista.
O Brasil é líder na exportação mundial de carne de frango e corresponde a 35% deste mercado global, com vendas para mais de 100 países. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a produção de carne de frango do Brasil em 2023 foi estimada entre 14,6 milhões e 14,75 milhões de toneladas, o que poderia representar crescimento de até 2% ante 2022.
Estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em 2020, estima que caso a doença ingresse no país, a perda monetária seria de cerca de R$ 13,5 bilhões, além de uma possível perda de 46 mil empregos, não só dentro da cadeia produtiva, mas também dentro de outras cadeias que estão relacionadas com a comercialização de aves, como a de produção de insumos.
Considerada uma síndrome respiratória nervosa, possui alta patogenicidade, e é classificada como zoonose, sendo transmitida do animal para a pessoa. “A influência viária dá sinal clínico respiratório, nervoso, digestivo, então são várias formas de contaminar o ambiente. O vírus pode ser transmitido para humanos através do contato com aves infectadas, seja diretamente ou indiretamente”, destaca.
Os sintomas são parecidos com os de uma gripe comum e geralmente começam a aparecer de dois a oito dias após o contato com o vírus. Em pacientes cuja doença se agrave, ele pode sentir ainda calafrios, fraquezas, dor abdominal e falta de ar, podendo levar a complicações graves, como pneumonia e falência múltipla de órgãos. A taxa de mortalidade entre os casos relatados com infecção pelo H5N1 ao longo dos anos é superior a 50%, esclarece o comunicado da OMS.
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Notificação
O produtor rural deve estar atento aos sinais da doença em suas aves. Dentre os indícios de infecção pelo vírus estão morte súbita, depressão severa, apatia, diminuição ou ausência de consumo de ração e falta de coordenação motora.
Observando quaisquer desses sintomas, o IMA (Instituto Mineiro de Agropecuária) recomenda a notificação por meio do WhatsApp: 31 8598.9611. Caso o avicultor prefira registrar a notificação pessoalmente, pode comparecer a uma das unidades do IMA em todo o estado, ou ainda, se manifestar por e-mail selecionando sua cidade neste link.