SAÚDE

“Farmacinha” incentiva consumo de remédios

Publicado em 08/10/2009 às 10:00Atualizado em 20/12/2022 às 10:12
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A Organização Mundial de Saúde vem alertando para os riscos da utilização indiscriminada de medicamentos. Segundo dados da OMS, cerca de 50% da medicação consumida no mundo é utilizada de maneira irracional. Um exemplo disso é o mau uso de antibióticos, a automedicação e o uso incorreto de remédios no tratamento de doenças sérias. Por isso, a Universidade Federal do Triângulo Mineiro trouxe especialista a Uberaba para ministrar o Curso de Antibióticos.   De acordo com o especialista em doenças infecciosas e parasitárias da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Walter Tavares, usar um remédio sem indicação médica ou de forma errada é um risco à saúde. “Uma das grandes causas de os germes não mais sofrerem a ação dos antibióticos, o que a gente chama de resistência bacteriana, é exatamente o uso indevido. Claro que existem outras causas, pois até mesmo o uso terapêutico pode influenciar na questão de selecionar o germe”, destaca.   Mas ele verifica que esses antibióticos são usados muitas vezes por pessoas que chegam às farmácias com uma queixa, sem receita médica, e o próprio balconista passa a orientação de um tratamento. “Elas chegam com um quadro de resfriado ou gripe e não têm indicação para antibiótico. Pensam que, se tomar esse tipo de medicamento, vão estar curadas, o que não acontece e pode até fazer mal. Aí começa outro problema, pois o uso de um antibiótico de maneira desnecessária pode contribuir para selecionar e aumentar os germes resistentes”, afirma Tavares.   No caso da septicemia, uma infecção generalizada, o médico explica que não é só o antibiótico que tem o poder de curar. É preciso observar a capacidade que o organismo do paciente tem de reagir ao agente causador da infecção. “Se a resistência dele for baixa, se a pessoa não se alimenta bem, usa álcool, ou tem alguma doença de base, como, por exemplo, diabetes não controlada, o organismo não funciona direito e os germes podem se multiplicar e levar à morte, mesmo com a utilização do antibiótico”.   O médico destaca, ainda, que é preciso ter atenção às farmacinhas caseiras. “Tem coisa que você pode guardar, se está dentro do prazo de validade; venceu, tem que jogar fora. Analgésico pode guardar, mas antibiótico não, porque a febre de hoje pode não ser a mesma de amanhã. Isso não significa que é o mesmo agente causador”. Tavares revela que a farmacinha até pode ser útil, porque o médico pode receitar o mesmo remédio em outra ocasião, mas alerta que o problema é o uso indiscriminado. Para Tavares, somente médicos e dentistas estão autorizados a receitar antibióticos. “Pois só eles sabem a dose correta e os prazos necessários”, conclui.  

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