SAÚDE

Hepatologista alerta sobre substâncias que podem causar insuficiência renal

Segundo Geisa Perez, muitos profissionais têm prescrito medicamentos de forma equivocada, o que traz reflexos perigosos na função hepática

Rafaella Massa
Publicado em 12/03/2022 às 16:29Atualizado em 18/12/2022 às 18:49
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A hepatologista Geisa Perez alerta para o desvio de finalidade de medicamentos prescritos por profissionais não especialistas/ Divulgação HC- UFTM

A morte da cantora Paulinha Abelha, de 43 anos, no dia 23 de fevereiro, chamou a atenção para o prejuízo que o consumo exacerbado de substâncias para emagrecimento pode causar no corpo. Segundo o laudo médico, Paulinha tinha lesões graves nos rins e em sua certidão de óbito quatro causas para a morte foram apontadas: meningoencefalite, hipertensão craniana, insuficiência renal aguda e hepatite. Ainda, o exame encontrou 18 substâncias no corpo da cantora advindas de sete medicamentos ou fórmulas prescritas pela nutróloga da cantora.

A hepatologista e Coordenadora do Ambulatório de Nódulos Hepáticos do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM) Geisa Perez Medina Gomide afirma que o alto consumo dessas substâncias tem se tornado cada vez mais frequente, causado pela pressão estética. Nessa ânsia pelo emagrecimento, profissionais, por vezes não especializados, receitam substâncias perigosas em grandes quantidades.

“Por exemplo, a vitamina D, que quando usada em doses para repor a necessidade de um organismo, é usada 50 mil unidades por semana, nós estamos vendo prescrições de 40 mil unidades por dia. E isso é tóxico. As anfetaminas têm indicações precisas. Então, existem anfetaminas que tratam transtorno de déficit de atenção, e esses pacientes estão tomando para emagrecer. Não foi prescrito por um neurologista. Foi prescrito para alguém para emagrecer. Então, isso não tem controle e nós estamos recebendo cada vez mais pacientes com insuficiência hepática. Lesão no fígado por isso. Essa cápsula de 50 ovas foi o que matou a enfermeira no começo do ano”, explica Geisa.

A médica ainda reforça que o maior problema no consumo desses remédios é a quantidade. “Não é um chazinho que nossa avó nos dá que vai causar o estrago. O problema são as quantidades, as concentrações desses produtos, então, você faz um chazinho em casa para eliminar gases, não tem nada de mal nele. Só que esses produtos estão sendo prescritos por profissionais, provavelmente, imprudentes, em quantidades exorbitantes, dentro de cápsulas”, afirma.

Dessa forma, a profissional aconselha como o melhor caminho para o emagrecimento a procura por profissionais competentes e que façam o acompanhamento do processo de forma adequada. “Você precisa, primeiro, saber quem é o profissional que está prescrevendo. Esses dias, eu entrei no site do CRM, é muito simples, coloquei lá "pesquise seu especialista", você coloca o nome do profissional que foi indicado, lá vai falar se ele é especialista ou não. Às vezes, ele se formou no ano passado, ano retrasado, e não é especialista naquela especialidade para qual ele está fazendo propaganda. Então, se você vai no endocrinologista, conceituado, que te prescreve as medicações e que acompanha os seus exames laboratoriais, você está seguro”, finaliza.

 

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