Com a desobrigatoriedade iminente do uso de máscara facial em Minas Gerais, o infectologista Rodrigo Molina alerta que o distanciamento ainda é fundamental para evitar uma possível nova aceleração da
Infectologista Rodrigo Molina ressalta a importância da vacinação para o avanço de flexibilizações importantes não só para Uberaba, como para o Estado e o país também (Foto/Arquivo)
Há dois anos, o ser humano adicionava mais uma peça ao seu vestuário, essencial para sua sobrevivência durante o período pandêmic a máscara de proteção facial. Após o período de adaptação, a máscara passou de um adereço incômodo para algo indispensável. Porém, com o avanço da vacinação e a queda de óbitos ao redor do mundo, abriu-se uma margem para deixar certos hábitos pandêmicos para trás.
Na última semana, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, anunciou a queda da obrigatoriedade do uso de máscaras em ambientes abertos na capital. Logo após, o próprio estado de Minas Gerais seguiu o movimento de flexibilização. Em entrevista na sexta-feira (4), o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, anunciou a expectativa de que o equipamento não seja mais obrigatório ao ar livre em todo o território mineiro a partir da próxima semana. A atitude, tão aguardada por grande parte da população, trouxe também o questionament “O Brasil está pronto para isso? Minas Gerais está pronta para isso?”.
E a resposta é sim. Segundo o infectologista Rodrigo Molina, esse é um movimento natural de saída da pandemia. No entanto, algumas regras devem ser preservadas, como o distanciamento. “Em ambiente aberto, a gente tem uma certa segurança, mas, é o que eu digo, desde que mantenha o distanciamento. Ao deixar de usar máscara e aglomerar, o risco é o mesmo. A gente ainda está num período de pandemia, não foi declarado endemia, então, segue as regras de controle de uma pandemia, numa pandemia por doença respiratória, que é o uso de distanciamento e o uso de máscara em lugares onde há o risco de exposição”, afirma.
O infectologista enfatiza, porém, que, para haver maiores flexibilizações, é de extrema importância a imunização plena da população. Apenas com um maior índice de imunização deve ocorrer a estabilização da pandemia. “A partir do momento que a gente tiver a população devidamente vacinada [poderá liberar mais]. Entenda que vacinada com duas doses, mais a dose de reforço, isso é o que a gente define como a pessoa estar imunizada. Se não tiver isso, não vai ter [estabilização], a gente não pode estabilizar ainda”, explica.
Rodrigo Molina esclarece que, conforme aconteça a estabilização, os períodos de aplicação das vacinas irão diminuir e, provavelmente, as doses se tornem anuais, assim como a vacina da gripe.
Mudança de pandemia para endemia. Também nesta semana, o Ministério da Saúde anunciou em nota oficial que estuda a mudança da Covid-19 de pandemia para endemia. A pasta realiza um estudo aliado de outros ministérios e órgãos competentes, levando em consideração o cenário epidemiológico e o comportamento do vírus no país. Contudo, Molina avalia que este não é o melhor momento para essa decisão.
“Neste momento, a gente está saindo de um período de festas e vem novamente aí o 21 de abril, quando vai ser comemorado o carnaval em algumas cidades. Então, eu acho que ainda é meio cedo. Acho que é melhor esperar do que decretar uma endemia e depois ter que voltar de novo ao nível de endemia”, afirma o infectologista.
Rodrigo ainda explica que o movimento de estabilização da pandemia já está acontecendo, sendo perceptível na queda de números relativos à infecção e a óbitos. No entanto, nas próximas semanas pode ocorrer um aumento, devido ao período de carnaval.