O diálogo sobre saúde mental deve ser cada vez mais incentivado, considera o psicólogo (Foto/Reprodução)
Neste mês de janeiro, acontece a campanha “Janeiro Branco”, dedicada à construção de uma cultura da Saúde Mental. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 700 mil pessoas morrem por ano devido ao suicídio, o que representa uma a cada 100 mortes registradas.
Ainda de acordo com a OMS, as taxas mundiais de suicídio estão diminuindo, com excessão nas Américas, onde os números apresentam crescimento. Dados da organização apontam que entre 2000 e 2019, a taxa global diminuiu 36%. No mesmo período, nas Américas, as taxas aumentaram 17%. E a faixa etária mais atingida está entre 15 e 29 anos.
O psicólogo Cristiano Mollo afi rma que o contexto social é um fator que interfere predominantemente na saúde mental da população. “O suícidio é sempre multifatorial e plurietiológico. Isso quer dizer que existem vários fatores. Infelizmente, a gente vive em um país onde existe muito preconceito, existe perseguição às minorias, existe muito racismo, então, isso tudo contribui muito com esses índices. É preciso a gente levar em consideração o todo. Políticas “Janeiro Branco”: a saúde mental e o equilíbrio de sentimentos e emoções públicas são importantes para a gente diminuir esse índice e o acesso ao álcool é uma das coisas que contribuem para o aumento dessa taxa”, afirma.
Ainda de acordo com o psicólogo, a dialética de que “a pessoa se suicidou porque quis” não condiz com a realidade, levando em consideração que, muitas vezes, o autoextermínio acontece com a vítima em condição de transtorno ou sob efeito de álcool. “Se a pessoa tiver um transtorno, se estiver alcoolizada, ela não sabe o que está fazendo. Então, é preciso que a gente olhe para essas questões. E hoje em dia os jovens têm acesso ao álcool”, reforça.
Neste ano, a campanha Janeiro Branco carrega o lema “A vida pede equilíbrio”. Mollo reforça o slogan explicando que até a alegria e a tristeza são sentimentos que devem ser equilibrados. “Todas as emoções são importantes. É preciso entender e conhecer essas emoções para saber lidar com elas. O que não pode é a gente ter muita alegria – por isso estamos falando sobre equilíbrio – e nem muita tristeza profunda, em que você vai caminhando para a depressão. O papel da tristeza é fazer com que a gente faça ponderações que não fazemos nos momentos de felicidade”, explica.
Ainda no mês de janeiro/2023, a Secretaria de Saúde terá um dia direcionado aos cuidados à saúde mental, envolvendo todos os serviços da Rede de Atenção Psicossocial. No município, a Rede de Atenção Psicossocial (Raps) abrange serviços de baixa, média e alta complexidade, com o acompanhamento de questões relacionadas à saúde mental desde a atenção básica àquelas de alta complexidade. Um dos serviços é o apoio de psicólogos nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs).
Para os pacientes que precisam de atenção mais especializada, a rede tem os Centros de Atenção Psicossocial CAPSi (Infantil), destinados aos cuidados dos casos graves em saúde mental de crianças e adolescentes; Caps Dr. Inácio Ferreira e Caps Maria Boneca, destinados aos cuidados de adultos e idosos com transtornos mentais graves, e Caps AD III (Caps Álcool e Drogas), destinado ao cuidado do usuário em uso abusivo e prejudicial de álcool e outras drogas, este último com funcionamento 24 horas, contando com leitos de desintoxicação, no período máximo de 14 dias.
Também em relação aos pacientes graves, o município conta com cinco Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), que são dispositivos de moradia para pessoas com transtornos mentais graves, com histórico de internações em hospitais psiquiátricos ou de custódia ininterruptas de 2 anos ou mais e que não possuem vínculos familiares ou estes estão fragilizados. O objetivo é a desisntitucionalização dessas pessoas e a volta de seu convívio social.
Assistência a casos de média complexidade acontece através do Serviço Intermediário de Atenção Psicossocial (Siap), destinado àqueles que não se enquadram nos cuidados ofertados pelos outros serviços, por não serem nem de baixa complexidade para permanecerem na assistência básica, nem de alta, para necessitarem dos Caps.
Nos casos de urgência e emergência em psiquiatria, a Raps conta com o apoio do Samu e possui convênio para internações no Serviço Integrado de Saúde Dona Maria Modesto Cravo (SISDMMC) e leitos em hospital geral – Mário Palmério Hospital Universitário (MPHU).